quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Capítulo 21 - O beijo de sangue

By The Way - RHCP

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Acho que vou deixar o melhor pro final
Meu futuro parece um enorme passado
Você riu de mim porque não me deixou escolha
Eu enfiei meus dedos em meus olhos
É a única coisa que lentamente para a dor

(Slipknot – Duality)



Ele me encarou por longos segundos analisando cada linha do meu rosto que agora estava coberto por sangue e hematomas.
Um dos celulares dos homens que estavam com ele tocou, ele se virou e os olhou áspero como se aquela não fosse à hora e ele não gostasse de distrações.
Ele se virou para mim mais uma vez, e passou a mão por toda a linha do meu rosto.

- Você é idêntica a sua mãe, mas ainda fede ao seu pai. – ele me olhou com repugnância.
Eu não respondi, não conseguia mais encontrar minha voz ou forças para movimentar minha boca, minha garganta estava seca e queimava, e todo o meu corpo estava adormecido por tanta dor, os lugares onde o homem tinha colocado o ferro ainda queimavam e causavam uma dor agonizante.
Eu já não tinha esperanças de viver, eu só queria que acabasse logo, mais uma tortura e eu não aquentaria.

Um homem se aproximou dele e sussurrou alguma coisa em seu ouvido que eu não pude entender, depois de falar o homem ficou parado esperando algum tipo de resposta.

- Deixe que venham – Carlos disse por ultimo.


~~*#*~~

Depois do pronunciamento de Henrique Flávio foi direto ao salão de armas no interior da mansão e se armou com todos os tipos de armamentos que poder imaginar, desde pistolas, a adagas e estrelas de aço.
Colocou seu coldre e colocou duas pistolas nele, pegou duas facas e as esconderam nas suas coxas, jogou sua jaqueta de couro por cima e saiu.
Ao passar pelos portões pode ouvir dentro da floresta uma conversa entre Pedro, Hevi, Isabela e uma outra voz que não conhecia, nem seu cheiro lhe era comum. Ele os ignorou e continuou andando, não importa se eles fossem atrás dela ou não, o tanto que a tirassem de lá logo.
O sol já estava se pondo quando ele saiu pelos portões da mansão, e seguiu o rastro do cheiro de Catarina que estava começando a se esvair, em pouco tempo já não conseguiriam rastreá-la.
Ele correu em velocidade sobre humana seguindo o rastro do seu cheiro, agora tão íntimo, tão comum ao seu olfato, como seu próprio ar.

Quando o rastro de cheiro se intensificou Flávio estava próximo a um depósito de peixes, perto de um canal, ele se aproximou e subiu em cima do telhado de um depósito para que pudesse observar tudo de cima, em algum lugar daquele depósito estava Catarina, mas ele tinha que tomar cuidado, qualquer movimento em falso e ela acabaria morta.

~~*#*~~

Pedro e Hevi foram para a sala de armamento dentro da mansão, se prepararam com todos os tipos de armas, Pedro pegou um coldre e colocou duas Glock dentro, guardou facas nas suas botas e coxa, e duas espadas trançadas na parte de trás do coldre, dentro do seu sobre tudo guardou estrelas de aço e adagas, Hevi seguiu o mesmo ritmo de armamento, suas espadas tinham o cabo trançado com tons de dourado e suas lâminas eram como um gancho.

Eles saíram e foram encontrar com a Isabela no local marcado próximo a mansão.
Eles saíram em disparada, tão rápidos que meros olhos humanos não poderiam Ca pitar mais do que dois vultos negros.

Quando Pedro saiu da mansão no mesmo segundo sentiu o cheiro de Catarina se esvaindo, mas não precisava do cheiro dela para rastreá-la, quando ela sofreu seu acidente de carro Pedro tinha ido até o hospital e a alimentado com o seu sangue para que se curasse rápido, e agora poderia senti-la até do outro lado do mundo.
Pedro parou quando se aproximou de Isabela, olhou-a nos olhos por um segundo e então se concentrou, fechou seus olhos e pensou nos olhos azuis de Catarina, seus cabelos negros caindo em cachos grandes sobre o seu ombro, a forma como sua franja lhe caia no olho e como ela sorria ao tirar, suas mãos delicadas e pálidas, sua pele de um branco e uma maciez que poderia ser comparada a lua, só precisou de um segundo para que ele a sentisse, todo seu corpo respondeu aquela presença, e ele se sentiu forte como nunca mesmo tendo se alimentado há bastante tempo, provavelmente era a vontade de encontrá-la de tê-la em seus braços e não deixá-la escapar mais.

Como se estivesse em piloto automático Pedro partiu em direção a Catarina, não se importando em olhar para trás para ver se Isabela e Hevi o seguiam, mas depois de um minuto elas apareceram correndo ao seu lado.

Eles pararam próximo a um depósito de peixes, perto do canal de balsas.
Pedro vasculhou o local sentindo a presença de Catarina depois de um segundo já sabia em que depósito ela estava, como um raio foi em sua direção.

~~*#*~~


Flávio viu dois homens saindo de um depósito e sabia pela forma como eles cobriam os olhos de que provavelmente eram vampiros da guarda de Carlos. Por mais que o céu estivesse nublado e já estivesse no por do sol, a luz ainda incomodava os olhos.

Flávio esperou que eles se afastassem e então entrou no depósito como um vulto.

O que Flávio viu fez com que ele ficasse sem ar, e faria seu coração parar se ainda batesse, um nó se estabeleceu na sua garganta e parecia que tinham enfiado uma adaga em seu coração.
Catarina estava com as mãos acorrentadas acima de sua cabeça e seu corpo estava totalmente coberto por sangue, hematomas, roxos e queimaduras, sua cabeça estava baixa e seus pés já não estavam fixos no chão.
Uma onde de ódio passou pelo corpo de Flávio despertando o seu lado mais perverso, o lado que ele pensou ter ido embora quando conheceu Catarina, mas que agora vendo o seu estado se intensificou te tal forma que quando os dois homens voltaram ele se lançou em cima de um deles puxando uma de suas facas e abrindo um corte lado a lado em seu pescoço tão fundo que começou a sair uma enxurrada de sangue da ferida. O homem que estava ao lado do que tinha sido atingido ficou em choque por alguns segundos, surpreso com esse ataque e nesses poucos segundos Flávio tirou vantagem e mandou três estrelas de aço em sua direção, ele se desviou de uma mais duas se cravaram na altura da sua garganta, fazendo com que ele caísse de joelhos tentando tirá-las. Enquanto o outro homem tentava se livrar das estrelas Flávio pegou o homem que estava com a ferida aberta pela faca, fez com que ficasse ajoelhado e sussurrou em seu ouvido:
- Você torturou a menina errada.
Depois disso ele colocou suas mãos em volta de seu pescoço e o quebrou, o vampiro ficou caído no chão, seu rosto se tornando cada vez mais roxo até partir para um tom de cinza pálido.
Como um vulto Flávio foi na direção do outro homem e lhe quebrou o pescoço da mesma forma, sem nenhum esforço, suas mãos sabiam exatamente aonde ir, e o que fazer, com uma leveza e uma graciosidade invejável ele lhe quebrou o pescoço e foi até a Catarina.

Quando suas mãos a tocaram ela soltou o fôlego como se respondesse ao seu toque, ele quebrou as correntes e quando seu corpo caiu ele a segurou junto a ele, se sentando no chão e pondo sua cabeça em cima de seu peito.
Flávio mordeu o seu pulso e o colocou na boca de Catarina, ela estava inconsciente, mas precisava beber seus batimentos já estavam tão fracos que ela não teria mais do que alguns minutos.
Ele levantou sua cabeça e empurrou mais seu pulso para que o sangue caísse dentro de sua boca e ela pudesse beber com mais facilidade.
Ela despertou se sufocando com o sangue, ele tirou o pulso por um instante e levantou mais sua cabeça. Depois que ela parou de tossir ele colocou o pulso outra vez em sua boca, dessa vez já acordada ela tentou lutar, empurrando seu braço, mas o máximo que conseguiu foi segurá-lo, estava tão fraca.

- Catarina... – ele esperou um segundo – Sou eu Catarina, Flávio... Meu deus! Vai ficar tudo bem eu estou aqui agora, só beba, por favor, você precisa beber, vai ficar tudo bem! – Ela pareceu se acalmar com o som da sua voz, e aos poucos começou a beber bem devagar, depois começou a sugar mais forte e mais forte, até que se afastou como se despertasse e tomasse conta do que estava fazendo.
Ela afastou sua cabeça e olhou para ele assustada, meu deus seu rosto estava coberto de sangue, mas agora ele já podia ver alguns hematomas clareando devagar e seu olhar estava fixo, ela estava mais consciente.

Flávio a apoiou em suas pernas e tirou o sobre tudo e depois a camisa. Ele a levantou um pouco e começou a limpar o sangue de seu rosto.
Depois de limpá-lo pode ver os hematomas, ela estava com o olho inchado, e um roxo na bochecha.
Desgraçados!
Carlos ia pagar por isso, com certeza!
Catarina o encarou por um momento e então o reconheceu e pulou em cima dele, seus braços em volta dele, e seu rosto afundado no seu pescoço.

- Flávio? – meu deus sua voz agora não era mais que um sussurro fraco e roço – Eu estou com medo Flávio, por favor, não me deixa, não me deixa, por favor, só...- sua voz falhou.

Flávio a apertou mais contra si.

- Catarina olhe pra mim – quando ela o fez, ele continuou – Eu nunca vou te deixar, entendeu isso?  NUNCA!
Ele a aproximou de seu corpo de novo afundo seu rosto nos seus cabelos, apesar do sangue ela ainda tinha o mesmo cheiro doce de flores.

Ela se afastou e o olhou nos olhos.

- Meu deus Catarina...- ele passou a mão pelo o seu rosto delicadamente – Me perdoe, me perdoe, eu tinha que ter te protegido eu não podia deixar que eles fizessem isso com você... Me perdoe. – sua voz saiu roca, e a dor era clara em seus olhos.

Catarina esticou as mãos e as passou por seu rosto.
Flávio se aproximou cada vez mais de seu rosto, até que seus narizes se tocaram e eles podiam sentir suas respirações, mais fortes, mais ofegantes, e então ele a beijou.

O beijo foi doce, tranqüilo, os lábios de Flávio eram carnudos, mas eram macios como plumas, e ele a beijava calmamente, explorando cada parte de sua boca, seu beijo era terno, mas não era quente como o de Pedro, onde o desejo e a paixão tomava conta de seu corpo e seu ar simplesmente lhe era tirado. Seu beijo foi interrompido quando ouviram um ronco.

Carlos estava atrás de uma sombra os observando, suas mãos atrás das costas e seu olhar fixo em Flávio.

- Que lindo, que romântico – ele disse com desdém.


~~*#*~~


Pedro estava atônico, ele entrou no depósito e viu dois corpos com as gargantas dilaceradas no chão, quando continuou encontrou Catarina toda ensangüentada, cheia de queimaduras e hematomas por todo o corpo pálida e fraca, seus batimentos eram meros sussurros se esvaindo e ela estava nos braços de Flávio, ele se aproximou e a beijou, um beijo quente e demorado e então eles foram interrompidos por Carlos.
Pedro ficou sem reação, tudo o que ele podia pensar por todo o caminho era em como queria tomar Catarina em seus braços e tirá-la dalí, mas agora ela estava nos braços de outro, e seus lábios pertenciam a outro.
Meu deus só em pensar nisso, as imagens passando em sua cabeça ele se sentiu enjoado, ele teve que se abaixar por um momento, era como se o ar fosse tirado de seu corpo, ele não era nada sem ela, apenas uma bolha de sangue flutuando pela terra e vê-la ali naquele estado e nos braços de outro foi como um golpe de adaga bem no coração dele.

Antes que pudesse se mexer Flávio se virou para ele, e ao mesmo tempo Carlos dirigiu seu olhar para ele se aproximando com um sorriso frio no rosto.

- Que trágico, dois amores, um coração – ele soltou uma risada endurecida – e a história se repete não é Isabela?

Pedro nem notou que Isabela estava em pé a atrás dele e ao lado de Hevi até que ouviu a sua exclamação.