segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Capítulo 20 - Ferro

Christina Perri-Jar Of Hearts

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Hoje será o dia
Que eles vão jogar tudo de volta em você
Por enquanto você já deveria, de algum modo,
Ter percebido o que deve fazer
(Wonderwall – Oasis) 


Hevi:

Henrique me chamou a sua sala.
Provavelmente Catarina deveria estar me procurando para saber sobre as aulas de arco e flecha.

Quando cheguei a sua sala bati na porta e ele mandou que eu entrasse.

- Henrique, com licença- entrei na sala - Você pediu que me chamasse?
Ele se virou, seu rosto visivelmente transtornado.
- Sim Hevi, hum... Eu preciso que você busque Catarina para mim no seu quarto e a traga aqui o mais rápido possível.
Eu franzi a sobrancelha, mas logo assenti.
Pelo seu rosto Henrique não estava no dia de ser questionado.

Fui até o quarto de Catarina, mas para minha surpresa ela não estava.
Eu estranhei isso, mas de qualquer forma ela deve ter ido atrás de mim para saber das aulas e acabamos nos desencontrando.

Procurei por ela por toda a mansão, e não a encontrei, me lembrei da sacada que ela costuma ir quando quer ficar sozinha e fui até lá.
Ao chegar lá encontrei Pedro e Clara conversando, o que me preocupou ainda mais se a Catarina não estava com eles, onde ela estava?
Minha preocupação deve ter ficado visível em meu rosto porque Pedro se levantou rápido e me encarou.

- O que houve Hevi? Está tudo bem? – ele disse inseguro.
Eu engoli em seco.
- Vocês viram a Catarina? – a pergunta saiu entre cortada, minha voz falhava, se eles dissessem que não era oficial Catarina estava desaparecida.
- Não – eles disseram juntos e olharam um para o outro. – Porque? Onde ela está? – Perguntou Clara.
- Isso é o que eu quero saber... Catarina desapareceu.
Naquele instante um silêncio doloroso se instalou entre nós, ninguém disse nada apenas olhamos ao longe imaginando inúmeras situações onde ela poderia estar, quando as imagens na minha cabeça da Catarina perdida ficaram horríveis demais para eu agüentar eu cortei o silencio.

- Precisamos alertar Henrique, e ir atrás dela AGORA – minha voz saiu mais decidida e forte do que eu realmente estava, minhas pernas estavam bambas e eu não sabia o que pensar.

Fomos correndo até o escritório de Henrique e entramos como uma rajada de vento, sem bater.
Henrique se virou assustado.

- O que houve? – ele estava visivelmente inseguro, como se estivesse prevendo o que tinha acontecido, ele olhava Pedro nos olhos.
Eu engoli em seco
- Henrique – eu fiz uma pausa – Catarina desapareceu
Ele ficou em choque, não disse uma palavra, e eu completei:
- Ela não está em nenhum lugar da mansão eu já chequei, segui seu cheiro e ele se perdeu próximo daqui na estrada de terra – minha voz saiu quase como um sussurro.
Henrique voltou à compostura, expulsando a dor do seu rosto e nos encarando.

- Hevi convoque todos nessa mansão para o campo agora – o seu “agora” saiu áspero, cortando como uma navalha eu sai como um vulto.

Depois de reunir todos no campo, Henrique começou a informar todos sobre o desaparecimento dela, ele estava em pé na nossa frente em cima do primeiro degrau da escapa para grama e Isabela estava ao seu lado seus cabelos negros caindo sobre seus ombros, ela estava com um vestido preto social básico com um sobretudo igualmente preto e um salto preto como se tivesse acabado de chegar de uma reunião de negócios.

- Catarina foi raptada e eu não preciso dizer quem foi, acho que todos aqui não sou tolos o suficiente para ainda ter duvidas – ele encarou todos, a raiva visível em seus olhos – Eu sabia que Carlos estaria planejando algo do tipo, mas ele ultrapassou os limites, ele atacou um membro direto da ordem, então tropas se organizem e façam seus preparativos mais tarde pensaremos em uma estratégia com calma e cuidaremos dele.

Eu fiquei em choque. Mais tarde? Como?
Catarina poderia estar em qualquer lugar, poderia estar até... Não eu expulsei esse pensamento para longe.
Quando me virei Pedro estava me olhando com o mesmo olhar perplexo, ele deveria estar se perguntando assim como eu o que Henrique tinha na cabeça.

Depois que todos os outros saíram e Henrique entrou me aproximei de Pedro e Clara eles me olhavam assustados e perdidos.

- O que faremos agora? – eu perguntei
- Eu não sei, Henrique perdeu a cabeça, ele não pode esperar mais, Catarina está presa com Carlos, sabe-se lá o que ele está fazendo com ela – nesse momento Pedro respirou fundo mesmo não precisando e virou seu rosto como se estivesse expulsando um pensamento. – Precisamos pensar em alguma coisa, eu não posso deixar Catarina com aquele homem nem mais um minuto.

Nós nos encaramos por um minuto e então eu falei

- Pedro você sabe o que fazer – eu o encarei e ele me olhou como se soubesse do que eu estava falando e assentiu – Reúna todas as armas que puder e eu vou fazer uma bolsa com sangue e iremos atrás dela.

Pude ver que ao dizer “uma bolsa com sangue” Clara se enrijeceu e virou o rosto.
- O que vocês vão fazer? – Clara perguntou direcionando o seu olhar ora para mim, ora para Pedro
- Vamos atrás dela. – eu disse e quando nos viramos Isabela apareceu atrás de mim.
Quase dei um pulo e ela me puxou pela mão na direção da floresta.
Quando nos afastamos da mansão ela se virou.

- Eu sei o que vocês vão fazer e eu irei com vocês – ela disse decidida – Henrique perdeu a cabeça, ele quer ter êxito nessa guerra e se esqueceu que Carlos está mais insano do que nunca, não podemos prever o que ele fará a Catarina e eu não posso deixá-la em perigo.

Nós nos entre olhamos.
- Mas Isabela se você for Henrique vai ficar furioso – Eu disse encarando-a
Ela deu de ombros
- Nós partimos hoje – ela disse
- E para onde nós vamos – Perguntou Pedro
Ela olhou para longe como se estivesse lembrando de alguma coisa.
- Eu sei onde ela está – ela disse por fim .


Catarina:


Quando acordei eu sentia como se toneladas de aço tivesse caído em cima de mim, todo o meu corpo estava dolorido e latejando.
Eu abri os olhos devagar por causa da luz que estava machucando, quando finalmente conseguia abrir os olhos pude ver que estava em um galpão de depósitos, que provavelmente era algum galpão de estoque de peixes porque fedia a peixe podre.
Quando levantei minha cabeça vi porque meu corpo estava dolorido e meus braços parecia que tinham sido arrancados do meu corpo.
Eu estava pendura pelos braços com uma corrente, meus dedos esbarrando no chão, mas a altura não era suficiente para encostar meu pé inteiro.
Pude sentir um líquido quente escorrendo da minha cabeça e quando ele chegou a minha boca pude sentir o gosto de sangue, eu podia sentir várias partes do meu corpo ardendo provavelmente por causa de cortes.

Depois de alguns minutos pode ouvir um barulho de uma porta de ferro se fechando.
Depois de alguns passos eu vi dois homens altos, um era careca e o outro tinha um cabelo ralo preto, os dois estavam vestindo jaquetas jeans, calças caqui jeans e blusas pretas.
Os dois homens me encararam com um sorriso frio no rosto.

- Bom dia gracinha, então a anfitriã finalmente acordou? – ele sorriu – Já não era sem tempo.
O outro homem riu e se aproximou
- Ansiávamos pela sua companhia querida – ele disse passando o dedo pelo meu rosto e eu cuspi na cara dele.
- O que vocês querem? – eu disse fria e minha voz saiu uma mistura de sussurro e agonia
Eles riram e o homem limpou o cuspi do rosto.
- Mas que maneira mais grosseira de se tratar uma pessoa Catarina, seus pais não lhe deram boas maneiras? – Disse o homem que eu cuspi com um sorriso sarcástico no rosto.
- Infelizmente eu me esqueci de tudo – eu disse fria – Vou perguntar mais uma vez, O que vocês querem?
Eles se entre olharam e riram
- Uh! Ela é durona – o outro homem passou a língua pelos lábios – Eu gosto disso.
Eu senti ânsia de vômito naquele momento.
O homem em qual eu cuspi se aproximou de uma mesa que eu só tinha percebido agora.
Em cima da mesa estavam vários objetos cortantes, todos os objetos que você puder imaginar para torturar uma pessoa estava lá.

- Então Catarina, eu acho que começamos com o pé esquerdo, que tal você colaborar com agente e nós não te machucamos
Ele me encarou e sorriu gentilmente
- Eu prefiro andar cem Kilometros com pregos nos pés
O homem fechou a cara.
- Então se você prefere o modo difícil vamos ao modo difícil. – ele riu – Eu amo o modo difícil.

O outro homem se aproximou da mesa e pegou um pedaço de ferro que tinha uma forma redonda na ponta.
Ele pegou uma pistola de solda que emanava uma chama de fogo e começou a esquentar o ferro, inúmeras imagens de bois e cavalos sendo marcados vieram a minha mente, eu engoli em seco e um nó desceu pela minha garganta.

O homem se aproximou de mim com o ferro vermelho de tão quente.
- Última chance, você vai ligar para seu pai e pedir que ele te encontre no centro SOZINHO e vai dizer que você apenas se perdeu; - O homem me encarou e esticou a mão que segurava o ferro na minha direção
-Não – eu consegui dizer, minha voz saiu espremida, minha mente já prevendo a dor que viria pela frente.
- Então tudo bem, eu tenho tempo.

Ele esticou o ferro na minha direção e pude o sentir tocando minha pele, uma dor agonizante, soltei um grito abafado enquanto sentia o ferro derretendo a minha pele.
Isso se repetiu inúmeras vezes, em algumas vezes ele dava com o ferro no meu rosto porque eu desmaiava e logo depois acordava com a dor do ferro queimando a minha pele.
Um telefone tocou e um homem foi atender, logo depois ele voltou e disse que eles tinham que ir.
Eles saíram e eu fiquei sozinha, inúmeras partes do meu corpo queimando e uma dor alucinante na minha cabeça, agora eu quase não sentia minhas pernas, um líquido quente escorria por todo o meu corpo o que deveria ser meu sangue. Eu perdi a conta de quantas vezes eu desmaiei e acordei por causa da dor.
Depois de algumas horas, pude ouvir o barulho da porta de ferro se abrindo de novo.
Dessa vez eram três homens, mas o terceiro estava vestindo uma calça preta social, um sobretudo preto e tinha os cabelos pretos grisalhos como o do meu pai, mas no seu rosto estava um sorriso frio.

- Nossa ela está horrível, o que vocês fizeram? – ele disse rindo – Coitadinha.
Ele se aproximou de mim.
- Você está bem querida?
Eu levantei minha cabeça lutando com a dor agonizante.
- Quem é você?- agora minha voz saiu como um sussurro ao longe, fraca e entrecortada.
- Prazer eu sou seu tio Carlos – ele sorriu e passou a mão por uma mecha do meu cabelo.

domingo, 21 de agosto de 2011

Capítulo 19 - Veneno

JOHN MAYER - heartbreak warfare

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Eles dizem ''tenha medo''
Você não é como os outros, amantes futuristas
DNA diferente, eles não te entendem
...
Me preencha com o seu Veneno
Leve-me.
(E.T – Katy Perry)





Clara:

Depois que a Cat saiu eu me arrumei e fui dar uma volta pela mansão, rezando para não esbarrar com ela em algum lugar.

Andei por vários corredores e quando comecei a pensar que estava perdida, passei por uma sacada e pude ver Pedro sentado em um de seus degraus.
Eu me aproximei dele. Ele como se estivesse percebendo minha presença se virou.

- Clara? O que houve aconteceu alguma coisa? – ele disse se virando preocupado.
- Não, relaxa – eu me aproximei – Se importa se eu sentar aqui?
- Não, pode sentar.
Eu me sentei e fiquei olhando o céu.
-E ai já se acostumou com a ordem? Eu imagino que deve ser meio bizarro para você às vezes – ele me perguntou olhando para longe assim como eu.
- No começo era, quer dizer a noite não é muito comum ficar vendo vultos pretos passando a sua volta, mas depois de uma hora vendo isso você se acostuma.
Ele riu
- Verdade
O silêncio se instalou, até que ele o cortou.
- Clara posso te pergunta uma coisa?
- Claro o que é?
- A Catarina está feliz?
Eu suspirei
- Você quer saber teoricamente ou emocionalmente?
Ele me encarou
- O.k Entendi – eu fiz uma pausa – Olha Pedro eu vou ser sincera, não Pedro ela não está, e eu não deveria estar aqui falando com você sobre isso depois do que você fez, e não adianta falar que não fez Pedro porque nós dois sabemos que no fundo você só se aproximou dela por causa da Katherine, e isso doeu muito nela Pedro, imagine a situação inversa? Eu sempre admirei a Cat por isso, ela sempre foi muito forte, olha tudo o que ela já passou? Ta longe da mãe da irmã conheceu uma família nova que são vampiros, e descobriu que o tio quer matar ela, de queda ela ainda se apaixona por um vampiro, e descobre que ela é a reencarnação do verdadeiro amor dele e claro depois disso como se não bastasse ela ainda tem que vê-lo com a sua prima, meu deus Pedro, qualquer um piraria, mas não ela continua sorrindo, brincando, mas eu vejo nos olhos dela Pedro, isso ta acabando com ela, se eu pudesse eu tiraria ela daqui, mas agora isso só a faria sofrer mais, ela já ama os pais dela e duvido que iria embora.

Pedro abaixou a cabeça e não disse uma palavra por minutos.
Então ele me olhou, e pude ver dor nos seus olhos, a mesma dor que está nos olhos Cat.
- Você sabe de uma coisa Clara? – ele fez uma pausa – Eu fiquei todo esse tempo me perguntando se esse sentimento era por causa da Katherine e quando a Catarina se afastou eu deixei que ela fosse lutando contra ele com medo de que fosse realmente isso, eu não queria magoar a Catarina, mas agora depois desse tempo tudo que eu quero é tocar a Catarina, ouvir as piadas dela, sua risada engraçada, vê-la, a maneira como ela põem o cabelo atrás da orelha quando está tímida, e a forma como ela cora quando eu sorrio, e a sensação que eu tenho quando estou perto dela é quase embriagante, estar com ela é tão fácil, vem naturalmente... Não estou dizendo que eu não errei Clara, eu errei quando ela se foi e eu não fui atrás, mas agora Clara eu sei que eu a amo, mas não posso ficar com ela, não posso magoá-la.

Eu fiquei em silêncio.
Então ela a amava também, mas será que era o bastante? Cat já sofreu tanto, ela merece um amor de verdade para curar isso.
- Pedro se você a ama tanto assim, porque estava com a Emily? – Eu o encarei
Ele virou o rosto.
- Eu não estou com a Emily, ela sempre foi apaixonada por mim, mas eu nunca correspondi, e sempre deixei isso claro, mas depois que a Catarina me deixou, eu tentei sentir algo pela Emily porque assim seria mais fácil, mas ainda sim eu não consegui só que a Emily não entendeu isso, e ela me beijou e provavelmente a Catarina viu, eu não queria que as coisas fossem dessa maneira Clara, mas a Catarina não quer ficar comigo e eu não posso obrigá-la então o melhor a fazer, é me afastar e respeitar a vontade dela, até porque eu sei que em pouco tempo ela estará com o Flávio, só espero que ele cuide dela.

Eu franzi minhas sobrancelhas, então ele pensa que a Cat e o Flávio... Bom ta rolando um clima, mas ainda sim quem ela ama é o Pedro.

- Pedro, ela e o Flávio não tem nada e nunca vão ter sabe por quê? Porque ela sempre vai amar você Pedro, essa é a parte ruim de se apaixonar... É nunca esquecer.

Pedro me encarou.
- Será Clara? Eu não sei sinceramente eu quero o melhor para ela, e não sei se o melhor sou eu.
Coloquei a mão em seu ombro
- Pedro nós somos ótimos para as pessoas que amamos porque queremos que ela seja feliz, e você nunca vai saber se não tentar então porque não conversa com ela Pedro? Diga como você se sente, porque eu só to vendo os dois sofrendo e longe um do outro.
Ele me olhou nos olhos.
- Você acreditar mesmo que eu sou bom o bastante para ela?
- Se você é bom o bastante eu não sei Pedro, só sei que ela te ama e isso basta.
Ele ficou pensativo por um minuto, como se estivesse em outro lugar, perdido nas memórias;
- Você tem razão


Catarina:


Me aproximei mais um pouco, e logo as vozes ficaram mais claras.

- Tem de haver um jeito, ela vai sobreviver eu sei que vai – essa era voz de Henrique eu pude reconhecer
- Sr. Eu não tenho como ter certeza, nós nunca tivemos um caso desse antes – a outra voz eu não reconhecia, mas ela estava alta e saia entrecortada e rápida, pela sua voz o homem parecia estar nervoso – Sr. Nós precisamos fazer exames, e ela tem que ficar em observação, sendo uma humana tem risco de ela não sobreviver até o dia da transformação
- Como você pode não saber? – Henrique gritou e pude ouvir um barulho como se fosse um soco em uma mesa. – Eu quero certezas Sr. Hathewaite, a morte dela está fora de questão, e sobre a transformação dela? O que irá acontecer?
- Como eu disse Henrique é tudo incerto no caso dela, não tem como saber com precisão, mas julgando pelo seu organismo e sobre como o veneno se espalha rápido, provavelmente a transformação será bem antes dos seus dezessete anos, pode ser a qualquer momento, o corpo dela sendo humano é muito frágil, e a transição será muito dolorosa eu tenho que lhe avisar, ela terá que ser muito forte.
Ficou silêncio por uns minutos, e depois as vozes voltaram, mas dessa vez a voz de Henrique estava baixa, sem vida
- Eu não posso perdê-la de novo, me diz... Tem chances de ela sobreviver?
- Sim Henrique, não estou dizendo que é um caso perdido, só estou dizendo que é 50% de chances de ela viver ou morrer, e o que nós podemos fazer é, realizar alguns exames para eu poder examinar melhor o organismo dela, com o veneno e deixá-la em observação, só que o veneno de vampiro é muito doloroso no corpo humano, a transformação dela será muito difícil.
- Eu entendi então eu mandarei que a busquem para você começar os exames, eu quero que você faça o possível e o impossível, mas eu quero minha filha viva entendeu?

Meu deus, eles estavam falando de mim então? Eu vou me torna uma vampira? Mas eu não quero isso, eu acho que não. Eu nunca parei para pensar nisso antes, e eu posso morrer provavelmente eu irei.
Eu não posso mais ficar aqui, são só mentiras por trás de mentiras, eu preciso sair daqui.

Eu corri até o portão da entrada da mansão e sai.
Comecei a andar pela estradinha de terra que levava até a cidade, eu precisava me afastar deles, precisava de um tempo para digerir isso tudo, então eu vou morrer? Mas eu ainda não fiz nada que eu sempre sonhei, eu só tenho dezesseis anos, e minha mãe? E minha irmã? Eu não posso morrer, eu... Eu não quero morrer.
Antes que eu percebesse já estava anoitecendo, eu provavelmente já estava andando por horas porque eu pude ver luzes a minha frente, provavelmente era a cidade.
Quando me aproximei mais, ouvi um barulho de um carro logo atrás de mim, eu me virei, mas não vi nada. No momento em que me virei para frente, soltei um grito abafado. Tinha um homem consideravelmente mais velho que eu com olhos vermelhos, e cabelos louros a minha frente, me encarando, eu tentei me afastar e me virei para correr, mas antes que eu pudesse quando me virei ele já estava lá novamente, com um sorriso frio no rosto me encarando. Como um vulto ele pegou em braço e começou a me arrastar, mais a frente eu pude ver a origem do barulho que eu ouvi um furgão preto parado.
- Me solta agora – eu disse gritando – Quem você pensa que você é? ME SOLTA!
Eu me rebati tentando me desvencilhar dele, mas não consegui
- Cala boca – ele me deu um soco no rosto que pareceu como se uma tonelada caísse de uma vez no meu rosto, depois disso só me lembro de cair em algo duro de ferro e do balanço do carro.

Capítulo 18 - Seus olhos verdes

Ryan Star - Losing Your Memory

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Lembre-se do dia,
Porque isso é o que os sonhos deveriam sempre ser.
Eu só queria ficar,
Eu só queria manter esse sonho em mim.

(You’re losing your memory – Ryan Star)


Depois de darmos três voltas cavalgando Clara já estava quase dormindo em cima do seu cavalo, eu quase não notei o quanto já estava tarde e como ela deveria estar cansada. Nós voltamos ao meu quarto, e depois de um banho Clara dormiu como pedra, eu ainda estava inquieta, não conseguia pegar no sono, então fui dar uma volta pela mansão.

Fechei a porta do meu quarto e comecei a andar pelos corredores, a mansão estava quieta, sombriamente silenciosa, isso me incomodou um pouco, mas ainda preferia assim, pelo menos assim eu posso pensar, e ficar um pouco sozinha.

Algo em conhecer Lonrye mexeu comigo, eu não sei, estou me sentindo mais frágil, como se eu estivesse prendendo uma enxurrada de lágrimas dentro de mim e agora todas elas quisessem sair de uma vez só.
Fui para uma sacada que ficava na parte lateral da mansão, a vista para o carvalho de lá era linda.
Me encostei na sacada e fiquei observando o carvalho, a maneira como a luz da lua acentuava seus galhos, e o desenho dos seus galhos se desenvolvendo, se esticando como se pudessem tocar o céu.
Antes que eu pudesse perceber uma lágrima escorreu pelos meus olhos, eu a sequei rapidamente.
Nesse momento pude ouvir passos atrás de mim.
- Não consegue dormir? – Eu não precisava me virar para saber quem era eu reconheceria essa voz em qualquer lugar. Pedro.
Eu dei de ombros.
Pedro se aproximou e encostou na sacada ao meu lado.
- Posso lhe fazer companhia? – Ele me olhou. Eu virei o rosto e assenti.
- Como quiser. – minha voz saiu entre cortada.

Por um longo momento ficamos ali, no silencio, apenas olhando a lua, mas mesmo daquela distancia eu podia sentir o calor que emanava do corpo dele, como um imã tudo me atraindo para que eu tocasse, tive que me controlar, mas acredito que se eu me distraísse um minuto quando voltasse a mim provavelmente estaria nos braços dele.
Isso era o curioso, Pedro tinha esse poder sobre mim, só sua presença, seu olhar, me fazia perde o controle, esquecer tudo o que eu passei e só voar em seus braços e poder sentir seu corpo no meu, suas mãos nos meus cabelos, poder desenhar a linha do seu rosto com as minhas mãos, e sentir o seu hálito doce, mas as coisas tinham mudado entre nós e eu não posso mais deixar que as coisas voltem a ser como antes, onde ele me tinha mesmo não sabendo, Pedro me machucou da pior forma e ainda dói muito, não posso ceder a minha vontade, e também de que importa agora, ele está com a Emily.
Esse pensamento me fez abaixar a cabeça e soltar um suspiro.

- O que foi? – Perguntou Pedro vendo minha mudança de humor.
- Nada – consegui dizer finalmente – Estou apenas pensando.
Ele me observou
- Em que? – ele se virou de modo que ficasse encostado na sacada de frente para mim.
- Importa? – eu perguntei fria, ele desviou o olhar e depois me encarou de novo.
- Para mim sim – ele se virou e ficou com as costas encostada na sacada encarando a porta atrás de mim.
- Será Pedro? – bufei – Olha já ta tarde eu vou entrar, com licença.
Eu me virei para sair, mas ele segurou minha mão
- Não vai Catarina, por favor, só mais cinco minutos. – ele me olhou nos olhos, e eu não resisti ao seu toque, me vi chegando mais perto dele, a visão dos seus olhos se aproximando, agora eu já conseguia sentir seu hálito doce, pude sentir suas mãos indo até meus cabelos, tudo o que eu queria era estar aqui, com ele, agora, eu precisava desse beijo, como eu precisava de ar, por esse milésimo de segundo eu me senti feliz, nesse pequeno instante o buraco no meu peito foi curado, mas só nesse momento, porque assim como a felicidade veio com o seu toque, as memórias de seu beijo com a Emily vieram também, uma lágrima caiu, eu me afastei e me virei.
- Não Pedro – eu disse soltando minha mão da dele.
Eu sequei minhas lágrimas, suspirei e me virei.
- Por quê?- eu o encarei – Me diz Pedro? Para que fazer isso comigo? O que você ganha com isso? Você já tem a Emily não tem? Meu deus! – o “meu deus” saiu mais alto do que eu esperava.
Ele me olhou perplexo
- Emily? – ele chegou mais perto de mim – Eu não tenho a Emily, Catarina eu não tenho nada com ela, não é ela que eu quero e você sabe disso.
- Sim eu sei Pedro, você quer a Katherine, mas entenda de uma vez Pedro eu não sou ela, e nunca vou ser então para de me machucar Pedro.
Ele abaixou a cabeça.
- Katherine está morta Catarina, e você sabe muito bem que os sentimentos que eu sinto por você nada tem a ver com isso.
- Sei mesmo Pedro? Aliás, VOCÊ tem certeza disso?- bufei – É claro que não – um silencio percorreu a noite, e Pedro não disse nada só ficou me olhando nos olhos – Esqueça Pedro, eu vou dormir.
Eu me virei e voltei ao meu quarto.

Depois que cheguei ao meu quarto, deitei e peguei no sono mais rápido do que eu pensei que pegaria, ao acorda a manhã estava linda, ensolarada Clara me acordou me chamando para o café da manhã;
Quando estávamos comendo pude perceber Clara me encarando, ela sempre fazia isso quando sabia que tinha algo de errado e queria saber o que era.

- O que foi?- Eu perguntei fingindo não ter percebido.
- Eu é que pergunto “o que foi dessa vez Cat?” – ela me encarou, e antes que eu pudesse responder ela falou de novo – E nem ouse dizer que não foi nada, porque nada não causa olheiras e deixa nossos olhos vermelhos de tanto chorar.
Eu abaixei a cabeça. Clara me conhecia melhor que qualquer pessoa, não precisei falar nada, ela sabia o que era.

- É o Pedro não é? – ela bufou – Eu sabia que era, Catarina? Olha para mim!
Eu olhei.
- O que foi Cat?  O que aconteceu ontem? – ela parecia realmente preocupada, será que eu estava tão mal assim?
- Pedro e eu tivemos uma conversa – fiz uma pausa – O mesmo de sempre Clara ele disse que se importa eu disse que não, ele disse que não ta com a Emily, nós quase nos beijamos, e eu disse que não era a Katherine ele disse que queria a mim, eu disse que não e depois disso ele ficou calado e eu voltei pro quarto, ou seja, o mesmo de sempre o Pedro mexendo com os meus sentimentos, tirando todos os comandos do corpo do meu domínio, e depois me deixando no silencio.

Clara me encarou.
- Você ta bem Cat? – ela me encarou
- Não sei Clara, eu não sei de mais nada, eu não sei como eu me sinto, eu não sei o que eu quero, eu não sei o que fazer, eu só quero grita e depois gritar mais até que isso tudo passe.

Ela me olhou compreensiva
- Eu sei como é eu me senti assim com o Bruno namorado da “Lu estrangeira” lembra? – Eu não consegui prender o riso.
- Sério Clara? Você ta comparando a minha situação com você e o Bruno? – eu ri de novo – Clara vocês nem namoravam, vocês davam um amasso no carro dele entre os três primeiros tempos que era quando a “Lu estrangeira” estava na sala.  – nós rimos – Pelo menos agente achava que ela estava na sala, porque eu preciso te lembra o porquê do apelido dela de “estrangeira”?
- Ei Cat, não é assim também eu gostava dele e não sabia o que fazer, ele não prestava e a namorada dele era famosa por saber como fazer uma espanhola, é eu não me esqueci o motivo do seu apelido de “Estrangeira”, mas enfim o que eu quero dizer é que eu sei como é estar perdido por sentir, aquilo que você não quer, e não saber o que fazer, mas a melhor maneira de resolver isso é você decidir o que você quer.
Eu a encarei
- Como assim?
- Cat você quer o Pedro? Se você quer amiga não deixa o tempo passar luta por ele, porque você ta dando ele de bandeja pra “prima bitch” e ta perdendo toda a diversão. – ela sorriu maliciosamente e por um minuto eu pensei na possibilidade de levar esse conselho a sério, mas eu sabia que quando você ama esses joguinhos só serviam para te machucar.

- Não Clara, chega. – eu respirei fundo – Chega Clara, isso já está me machucando demais eu não quero entrar nisso para sofrer mais do que já estou, eles que fiquem juntos e longe de mim.
Clara pegou minha mão
- Eu entendo amiga, tudo bem.
- Agora vamos comer porque eu ainda tenho que ir ver a Hevi, e saber quando vai ser a aula de arco e flecha.
-Falando nisso, tem problema se você for sozinha? Eu queria arruma meu cabelo, tomar um banho mais demorado, enfim... 
- Ah! Tudo bem então, sem problemas eu não vou demorar, só cuidado Clara, você ouviu o que o Henrique disse, por mais que esteja claro, não se arrisque.
- Relaxa Cat, vampiro nenhum ia conseguir me matar, eu tenho meus meios de persuasão – ela me lançou um sorriso malicioso.
- É você pode se cuidar. – eu ri

Depois de comer, tomei um banho, me arrumei e fui atrás da Hevi, eu imaginei que ela deveria estar no escritório do meu pai ou pelo menos ele saberia me dizer onde, mas quando estava perto do escritório pude ouvir vozes altas lá dentro, como se estivessem discutindo.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Capítulo 17 - Lonrye

01 Muse - Supermassive Black Hole

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Você diz que eu estou bagunçando com a sua cabeça
                           ...
O amor machuca mesmo quando é certo ou errado

Não posso parar porque eu estou me divertindo muito
       (What the hell – Avril Lavigne)




Henrique se levantou e veio em nossa direção, agora não era só a mão de Clara que estava suando, eu também estava nervosa, e se Henrique não a deixasse ficar? Eu não conseguiria me despedir dela de novo.
Henrique se colocou a nossa frente e estendeu a mão na direção de Clara, como se em um comprimento, Clara deu sua mão e ele a beijou.

- Prazer, eu sou Henrique pai de Catarina. – ele disse sorrindo
- Prazer eu sou Clara, melhor amiga de Catarina – ela disse sorrindo de volta.
- Clara... Que nome adorável – Nesse momento Clara sorriu e relaxou, eu pude ver que a atitude de Henrique estava quebrando toda a tensão dentro do escritório.
Henrique andou até a janela e ficou de costa para nós.

- E no que posso ajudá-las? – ele disse olhando pela janela, mas pude ver que um sorriso brotou em seu rosto.
- Henrique, como você sabe Clara é humana e ela veio aqui atrás de mim, e eu sei que é perigoso, mas você poderia, por favor, deixá-la ficar? – eu disse com a voz baixa, como um suplico.
Ele se virou para mim.
- Eu posso ver que Clara é muito especial para você Catarina – ele caminhou até a minha frente.
- Sim ela é, ela é como uma irmã. – Clara sorriu e apertou minha mão delicadamente.
O silêncio se instalou no escritório enquanto Henrique estava olhando para o nada pensando na proposta que eu acabará de fazer.
Ele levantou seu rosto e me olhou
- Tudo bem Catarina, a Clara pode ficar, mas só porque eu sei o quanto ela é importante para você – ele fez uma pausa e eu sorri – E eu sei que vai ser bom para você tê-la aqui, vai te deixar mais confortável por assim dizer.
Clara me abraçou, e eu olhei para Henrique e falei sem voz “obrigado” e ele assentiu sorrindo de volta.
- Bom aproveitando que você está aqui Catarina eu precisava mesmo falar com você, o que você acha de ter aula de montaria de cavalos, e arco e flecha? – ele disse sorrindo, com muito entusiasmo.

Eu pensei por um minuto, seria ótimo, quer dizer eu sempre amei cavalos, e arco e flecha é incrível, é a modalidade que eu mais gostava de assistir nas olimpíadas, enfim eu ia adorar tirando o fato que eu provavelmente sou um desastre em ambos.

Eu sorri de volta
- Eu adoraria.
- Ótimo então está combinado, e você Clara? Gostaria de participar das aulas com a Catarina? Tem a aula de espadas, e agora mais essas duas aulas. – Henrique a observou.
Clara pensou por um minuto e depois respondeu

- Eu fico com a de montaria, as outras duas eu deixo para a Cat mesmo. – ela sorriu
- Você que sabe, fique a vontade – Henrique disse sorrindo e voltando para sua mesa – Agora eu só tenho que alertá-la sobre as regras, que não são muitas.
Se fez silêncio dentro do escritório.
- Catarina, pelo menos por agora não deixe Clara sozinha por esses corredores, mas fiquem tranqüilas, ninguém sequer tocará em você Clara, não precisa se preocupar, é mais para o caso de você se familiarizar com o local primeiro, não posso garantir que todos os moradores são tão hospitaleiros quanto Hevi e eu. – ele sorriu
- Tudo bem, obrigado Henrique. – eu sorri.
- E agora podem ir, eu pedirei a Hevi que busque vocês no quarto para a aula de montaria ainda hoje, e sinta-se em casa Clara, você é bem-vinda aqui – ele sorriu e voltou aos papeis em sua mesa.
- Obrigado – Clara disse indo para a porta.
- Obrigado Henrique – eu disse, e fui logo atrás de Clara.

Agora mais aliviadas sabendo que Clara poderia ficar, nós resolvemos dar uma volta no jardim, e conversarmos mais um pouco sobre o que tinha realmente acontecido nesses últimos dias.
Levei Clara até o carvalho que me encantou desde que cheguei aqui e demos uma volta mais próximas a floresta, depois disso fomos em direção a frente da mansão e nos sentamos nos degraus da entrada, admirando o chafariz lindo que tinha a nossa frente, e encerrando assuntos que ficaram em aberto durante o nosso passeio.
Antes que percebêssemos, já estava quase anoitecendo, o que significava que era melhor que fossemos para o meu quarto, Clara não estava familiarizada com sombras pretas passando de um lado para o outro como vultos por toda a mansão.
Clara quis passar pela parte de trás da mansão de novo, e não pude culpá-la era realmente lindo, a floresta o carvalho, as outras flores vivas que pareciam deslocadas em meio a toda aquela calma, eu sinceramente amava esse lugar especialmente a visão que se podia ter lá do carvalho, ela era capaz de me acalmar de tal forma, que eu conseguia ignorar todos os problemas.

Ao chegar na parte de trás da mansão eu pude ver Flávio de longe, e pela primeira vez meu coração acelerou, Flávio... Muita coisa tinha mudado entre nós desde a nossa primeira conversa, aqui mesmo nesse jardim, eu estava tentando evitar a pergunta “que sentimento é esse por Flávio?”, eu não sabia e sinceramente preferia continuar não sabendo, eu só quero manter do jeito que está se é que isso é possível, eu só... Eu não sei porque me sinto assim quando o vejo, mas não importa.
Expulsei aqueles pensamentos para longe, e acalmei meu coração.
Ao nos aproximarmos, pude ver que Clara percebeu a alteração que vê-lo ali causou em mim, e no mesmo momento vi um deslumbre do seu sorriso malicioso. Quando chegamos perto dele, ele sorriu para mim e veio em minha direção.

- Boa noite senhoritas – ele sorriu galante – Está tudo bem Catarina? – ele me olhou nos olhos. 

Meu deus, isso não podia estar acontecendo, eu não posso me sentir atraída assim por Flávio, a ponto de me arrepiar com o seu sorriso, ou reparar no brilho dos seus olhos, e por mais que não admitisse querer beijá-lo ali mesmo.
Clara interrompeu meus pensamentos.

- Boa noite, prazer sou Clara – ela sorriu e se virou para mim.
- Flávio essa é Clara, ela morava no Brasil junto comigo. – eu sorri
- Hum... Muito prazer Clara eu sou Flávio – ele sorriu e logo depois me olhou nos olhos – Boa noite Catarina - ele disse se virando de volta para o jardim onde estava, sorrindo maliciosamente.
Eu fingi não perceber.
- Hã... Flávio você viu a Hevi? Henrique disse que ela iria ao meu quarto, mas eu não estava lá.
- Hum... Só um instante – ele parou e fechou os olhos, como se pudesse sentir a noite e um segundo depois se virou e abriu os olhos – Ela está vindo para cá, passou em seu quarto e não a encontrou então seguiu seu cheiro.
Clara ergueu uma sobrancelha e me olhou
- Depois eu te explico.
Flávio riu.
- Clara, nós vampiros possuímos os sentidos um pouco mais aguçados, e cada um de vocês tem um cheiro específico que conseguimos diferenciar ao longo do tempo quando convivemos com vocês – ele sorriu
- Enfim, eles também tendem a ser muito convencidos, mas isso é um detalhe que deixamos de fora – eu sorri, e ele se virou para me olhar.
- Convencido? – ele fez uma pausa pensando – Acho que essa não é a palavra – ele sorriu maliciosamente.
Eu me virei, fugindo do seu olhar.
- Clara porque não vamos nos sentar ali? – Clara me olhou me questionando e sorrindo entendendo a cortada de assunto.
- Claro – ela sorriu maliciosamente e ficou me encarando, o que me fez corar.
Flávio ficou rindo atrás de nós, e voltou para agora o treino de espadas.

Nós fomos em direção aos degraus que davam para as portas da parte de trás da mansão, e ao nos sentarmos como eu já sabia, Clara começou a me perguntar o que foi aquilo, mas como fazíamos antigamente para que a mãe dela não entendesse voltamos a utilizar nosso código.

- Porque o peixe caiu da gaiola? – Clara disse me olhando maliciosamente .

O peixe caiu da gaiola significa “Meu deus o que foi aquilo?” ou “Me explica isso agora” – eu ri com esse pensamento- Muito tempo que não usávamos os códigos e sinceramente, ao ouvir Clara falar uma enxurrada de lembranças vieram a mim, e não pude conter o riso.
Pude ver de longe que o Flávio estava prestando atenção na conversa, porque logo que a Clara disse isso ele fez uma cara confusa, mas logo riu percebendo o que estávamos fazendo.

- Não, o Jô soares ainda não entrou – eu respondi, o que significa “Não, mais tarde eu te explico”
Clara riu
- Então você ainda lembra?
- Claro como poderia esquecer? Tia Lucia ficaria muito assustada sem nossa criatividade excessiva – eu ri, ti Lucia é a mãe de Clara, e com certeza se não usássemos o código provavelmente estaríamos de castigo até hoje.
- Com certeza – ela riu

- Boa noite meninas – nós nos viramos para trás e pude ver Hevi, ela veio em nossa direção. – E então? Prontas?
Eu assenti.
- Então sigam-me – ela sorriu e foi em direção a parte esquerda da mansão que agora eu percebi que nunca tinha ido.

Quando começamos a nos aproximar pude ver um estábulo, e ao longe um campo grande cercado por uma cerca pequena de madeira.
Ao entra no estábulo pude sentir o cheiro forte de couro e palha seca, e de longe vi três cavalos já selados. Quando estávamos passando dentro do estábulo indo em direção aos cavalos lá fora na direção do campo, passei por um cavalo que me chamou a atenção, eu parei e comecei a olhá-lo, ele estava em canto deitado.

- E esse aqui? – Eu perguntei a Hevi, e parece que ao ouvir minha voz ele se levantou e veio em minha direção cheirando minha mão e esfregando seu fusinho nela.
- Bom até hoje ele não deixou ser montado por ninguém, ele era da Katherine. 
Eu o observei e comecei a acariciá-lo

- Eu posso tentar? – eu perguntei, e Hevi me olhou insegura, mas depois assentiu
- Como quiser, mas cuidado.

Ela o soltou e o levou lá para fora para selá-lo. Depois de selado, Hevi o trouxe até mim e o parou na minha frente.
- Qual o nome dele Hevi?  - Eu perguntei acariciando sua crina.
- É Lonrye – Hevi sorriu – Venha vou te ajudar a montar.
Ela pegou na minha mão e me apoiou enquanto eu colocava meu pé no estribo para poder montar.
Ao subir em Lonrye, ele ficou tranqüilo, peguei suas rédeas e ele começou a caminhar lentamente em direção ao campo.
Hevi ajudou a Clara a montar e logo depois montou segurando as rédeas de seu cavalo e as do de Clara, logo se aproximaram de mim.

- Interessante Catarina, Lonrye nunca foi com ninguém, ele deve estar seguro pela aparência de vocês duas serem iguais, mas tenho certeza que assim que ele te conhecer ele vai te amar tanto quanto. – Hevi sorriu
As vezes Hevi sabia exatamente o que me dizer, eu achava isso incrível a forma como ela conseguia me tranqüilizar.

- Eu espero que sim Hevi – eu me abaixei um pouco e massageei seu pelo – Porque eu já me sinto feliz com ele. 


segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Capítulo 16 - Sorrisos

Coldplay - Warning Sign

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Tenho que te contar em que estado estou

Tenho que te contar em meus tons mais altos

Comecei a procurar por um sinal de alerta



Quando a verdade é: eu sinto sua falta

Sim, a verdade é, que sinto muito sua falta

 (Warning sign - Coldplay)




Puxei Clara pelo braço e a levei até a cama.
Nós nos sentamos e ela me abraçou novamente, e deitou sua cabeça no meu ombro.

- Eu senti muito a sua falta Catarina, eu não sou a mesma sem você – ela se afastou e me olhou – E você não deixou nenhum número que eu pudesse falar com você! Como você some assim no mundo Catarina? – ela disse como sempre fazia, interpretando o papel da minha mãe para me dar uma bronca.

- O que você esperava que eu fizesse Clara? Eu saí do Brasil para vir conhecer um pai vampiro, meu deus... Você queria que eu fizesse o que? Eu nem sabia se eu estaria viva, eu só saí de lá para proteger você e a minha família.
Clara abaixou a cabeça
- Eu sei me desculpe Catarina, mas e ai me conta o que aconteceu? Como foi a viagem? Que pai é esse? E porque você está com essa cara de choro, idêntica a que você ficou quando você viu o seu peixe na boca do gato da senhora Eliza? – ela me encarou
- Não mude de assunto... Pelo amor de deus Clara você tem consciência que você poderia ter morrido hoje à noite? E como você me encontrou? O que te deu na cabeça para vir atrás de mim assim? E sua mãe? Meu deus Clara você tem que volta! – Eu disse nervosa, estava fazendo todas as perguntas rápidas demais sem dar tempo de a Clara responder.
- Calma Catarina, bom... Uma pergunta de cada vez, eu vim para cá com a ajuda do Jhony – ela fez uma pausa e corou.

Jhony era um nerd/racker que estudou com agente desde a quinta série, e desde a quinta série ele gosta da Clara, e como claramente ele não combinava com ela, Clara tratava ele bem, mas com o tempo ela se afastou dele, mas é obvio que até hoje em dia era só ela estalar os dedos e ele estava ali, eu nunca entendi isso que ele sentia por ela, mas enfim... Pelo visto ela soube usar bem isso.

Eu a encarei

- O Jhony? Hum... E desde quando você fala com o Jhony Clara? – continuei a encará-la
- Ah meu deus Catarina você estava desaparecida e eu sabia que você tinha trago o seu notebook, então eu pedi a ele que rastreasse o seu IP, para eu poder saber onde você estava – ela sorriu maliciosamente. – Catarina, eu não sou bonita à toa, eu tenho que aproveitar de alguma forma – Eu não me segurei e cai na gargalhada, era tão bom estar com Clara, nossa relação era tão fácil, era como respirar, vinha naturalmente.

- Meu deus Clara você é louca, então você descobriu onde eu estava e simplesmente veio? E sua família? E a escola? – eu disse agora no papel da mãe dando bronca.
- Relaxa Cat, eu falei com a minha mãe que tinha conseguido um curso de intercâmbio, e o Jhony falsificou um contrato de um curso para minha mãe assinar, enfim... Eu resolvi tudo e vim, e a escola... Bem não é nada que eu já não tenha vontade de fugir não é mesmo. – ela riu
- É pelo o que posso ver o Jhony foi bem útil né? – Eu sorri maliciosamente.
Ela corou e me empurrou devagar
- Para com isso Cat, o papel da safada é meu ta? – nós rimos
- É verdade, ele é todo seu. – nós rimos de novo – Mas que bom que você está aqui Clara, eu sinceramente precisava tanto de você.
Eu me deitei no colo dela, e ela começou a mexer no meu cabelo, como sempre fazíamos quando uma de nós precisava desabafar

- Então Cat, me fala... Agora é sua vez, me conte tudo – ela disse separando mexas do meu cabelo.
- Eu vou resumir... Bom, meu pai é realmente um vampiro ele governa a ordem que é meio que o governo dos vampiros, junto com o meu tio Josefh, que eu acabei descobrindo que me conhece mais do que eu mesma, minha mãe Isabela é uma das pessoas mais doces que já conheci, meu tio Carlos é realmente um louco por poder que quer me matar para poder atingir meu pai, e... – eu fiquei calada
- E? Porque algo me diz que esse “e” significa “Pedro”?  - ela fez uma pausa – O que aconteceu Catarina? Quer dizer é meio óbvio que vocês acabariam tendo alguma coisa, pelo menos eu não estou louca e vi claramente como vocês se olhavam e isso com menos de 24 horas de convivência, então imagino que agora vocês estão juntos? – ela ficou em silêncio
- Não... – a palavra saiu entre dentes, abafada, eu fiz uma pausa e então continuei – Não, não estamos juntos... O por quê? Agora que eu vou te contar a melhor parte – eu sorri ironicamente.
Ela me olhou intrigada
- Eu descobri recentemente que... Eu não sou necessariamente filha de sangue deles, eu sou a reencarnação da filha deles. – eu fiquei em silencio e pude ouvir a sugada de ar de Clara com a surpresa.
- Meu deus... Você? Como assim? – ela disse se aproximando para poder ver meu rosto.
- Eu entrei uma vez em uma sala que tem no escritório do meu pai, e vi a sala com as coisas que eram dela, retratos, e sinceramente... Nossa aparência é idêntica Clara, tudo desde todos os traços do meu rosto até os meus cabelos, somos inexplicavelmente iguais.
Clara arregalou os olhos
- E você? – Clara perguntou confusa
- Eu?  Na hora eu desmaiei, e enfim... Comecei a pensar que eles só queriam que eu substituísse ela, mas ai eu descobri que eles cuidam de mim desde que eu era pequena e por mais que eu tente sentir raiva deles, eu não consigo eu os amo como se fossem os meus pais mesmo, é como se eu tivesse um vazio que eu não conhecia, e quando eu os encontrei descobri que não posso viver sem eles entende? Eu não sei explicar, mas apesar disso a Isabela já conversou comigo, o Henrique também e o meu tio Josefh que sinceramente conversou comigo de uma forma que... Eu não sei é como se ele soubesse o que eu to pensando e conversar com ele é tão bom, tudo fica mais claro entende... Eu não sei Clara. – eu fiz uma pausa – Eu estou confusa eu só... Eu to descobrindo as coisas ainda sabe.
Ela me olhou
- Cat, claramente eles se importam com você, se não estariam na sua vida desde pequena, e nem iriam te trazer até aqui, enfim... Eu acredito que eles possam amar você, mas você só tem que deixar claro que você não é a filha deles que morreu entende? Por falar nisso qual o nome dela?
- Katherine
- Hum... Até seus nomes são parecidos, acho que é porque vocês combinam com Katherine, Catarina... Enfim, eu acho que você só tem que mostra que é a Catarina e não a Katherine o que a essa altura eu tenho certeza que eles já sabem.
Ela sorriu e isso me tranqüilizou tanto que suspirei.
- O que foi? – ela perguntou percebendo o meu suspiro – E afinal o que isso tudo tem haver com o Pedro?
- Bom... O Pedro era apaixonado pela Katherine Clara, eles viveram um romance o que explica o porque de eu me sentir tão mexida por ele no começo, mas enfim antes de eu descobrir essa história nós chegamos a nos beijar, e Clara por mais que no começou tenha sido sem explicação depois tudo foi real entende? Cada palpitação, cada vez que ele me fez corar, cada respiração acelerada fui eu que senti entende? Mas depois que eu descobri que era reencarnação dele, eu soube que ele não estava comigo por me amar, ou por gostar de mim Clara, ele só queria substituir a Katherine, e eu não sou ela, então eu dei um ponto final.
Clara deu uma sugada de ar e colocou as mãos sobre a boca
- E ele? O que ele disse? – ela perguntou rápido
- Ele? Nada eu não dei oportunidade dele falar, só disse o que eu precisava dizer e assim que terminei ele tinha partido.
- Partido? Ele não está aqui?
Fiquei em silêncio
- Catarina?
- Está esse é o problema...
- Porque?
- Porque recentemente eu descobri que a filha de Carlos tem acesso a ordem e ao que parece ela fugiu do pai junto com a mãe dela, e cresceu ao lado de Katherine, mas sabe aquelas intuições que eu tenho desde que eu era pequena, aquela quando eu senti que não deveria confiar no namorado da sua mãe, e uma semana depois ele a traiu.
- Sei, e você sente isso em relação a ela?
- Sinto Clara, e sinceramente é a sensação mais forte que eu já senti, é como se com ela eu devesse ficar atenta a cada segundo, eu não sei explicar, mas eu não estou demonstrando isso algo me diz que ela é muito inteligente então eu primeiro vou descobrir o que ela quer, até lá... Eu vou tratá-la com a mesma simpatia que ela me trata – eu fiz uma pausa – O que cá entre nós me enoja de tão forçada, odeio pessoa sonsa e ela é a típica menina boa em que todos acreditam – bufei.
- Hum... Eu sinto uma rivalidade a caminho, eu gosto disso – Clara sorriu maliciosamente – adoro competitividade, é um dos meus maiores dons.
Ela mordeu o lábio e eu comecei a rir
- Sim, em relação a ela eu sinto o mesmo Clara, mas temos que ser cuidadosas, e cuidado com o que você fala e aonde você fala aqui eles podem ouvir muito melhor do que nós – eu disse me levantando e me sentando.
- Mas Cat, eu ainda não entendi onde o Pedro entra nessa história de prima bitch. – ela disse erguendo uma sobrancelha.
- Eu os vi ontem, se beijando.
Clara arregalou os olhos
- Por isso esses olhinhos amiga? Eu sabia que tinha alguma coisa, agora é oficial essa garota vai sangrar.
Ela me puxou para um abraço.
- Obrigada por vir amiga – eu disse e deitei minha cabeça em seu ombro.
- Eu sempre estarei aqui para você Cat.

Depois da nossa longa conversa sobre, como a Clara apelidou a Emily de “prima bitch” e sobre o Pedro, e os últimos acontecimentos, nós ficamos exaustas, tomamos um banho e fomos dormi porque no dia seguinte eu tinha que levar Clara a Henrique e deus queira que ele a deixe ficar.

Quando acordamos já deveria ser o horário de almoço, porque acordei com o cheiro bom de comida dentro do quarto.
Me levantei tomei meu banho e depois acordei Clara.
- Clara? – eu a sacudi – Clara? Levanta!
Ela se mexeu, e depois se sentou passando as mãos sobre os olhos e me encarando totalmente sonolenta
- Nossa parece que eu não dormia a um ano, que horas são Cat?
- Hora do almoço, vai se arruma que nós temos que comer, e eu ainda preciso te levar ao Henrique e avisa que você está aqui então se apresse.

Ela levantou, tomou um banho rápido e em minutos estava na mesa comendo comigo.
Ao terminarmos o almoço, fomos ao escritório de Henrique, e por todo o caminho eu tive que ouvir a Clara soltando lufadas de ar toda vez que se via admirada por alguma coisa nos corredores, desde o tamanho da mansão que agora de dia dava para se ver melhor, até as obras penduradas nas paredes. Ao chegar no escritório de Henrique pude ouvir ele nos pedindo que entrássemos.
Eu abri a porta e fui em direção a ele, segurando a mão de Clara que agora estava suando de nervoso.

- Bom dia Catarina, vejo que trouxe companhia – ele sorriu