sábado, 23 de julho de 2011

Capítulo 13 - Doce Nostalgia

Kings Of Leon- Use Somebody

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Como pode o único meio de você ver o quão bem você me faz
É ver o quão mal eu posso ficar
Só Deus sabe o quanto eu te amaria se você me deixasse
Mas eu não posso me entregar por inteiro
  (Heartbreak Warfare – John Mayer)


Nós andamos por todo o jardim da mansão, Flávio me falou sobre sua vida quando ele era pequeno, ele também era filho de um sangue puro, ou seja, ele nasceu meio vampiro, meio humano e se transformou totalmente em vampiro aos dezessete anos, ele me falou sobre os lugares que ele já foi, Los Angeles, Lisboa, Veneza, e muitos outros, nós conversamos por horas, e pela primeira vez eu vi Flávio como ele realmente era, ele era legal, educado, divertido, e não aquele cara ridículo e patético que eu pensei que fosse, e eu estava começando a gostar dele, essa noite ele tinha sido um ótimo amigo, e conseguiu me fazer esquecer por um tempo os problemas, mas agora ao voltar ao meu quarto Flávio se foi, e eu estou sozinha novamente, e os problemas e o vazio que o Pedro deixou começaram a me lembrar de tudo o que tinha acontecido hoje, e eu chorei me deitei e simplesmente chorei por um longo tempo até que dormir, como minha mãe dizia “não há nada que uma noite de sono não cure” eu espero que isso seja verdade.



Como Isabela havia me dito, minha mão amanheceu curada. Isabela... Ela ainda era de certa forma minha mãe, e eu não estava com raiva dela, eu estava apenas magoada, apenas triste por não ser a filha que ela realmente queria que estivesse aqui, triste por ela não me amar como ama a Katherine, enfim... Eu só queria que ela me amasse, Eu Catarina, mas isso é uma coisa que só pode acontecer com o tempo, até lá ainda vou ter que guarda minhas tristezas para mim.



Ao me levantar fui até o banheiro e tomei um longo banho quente, daqueles que faz você se esquecer até seu nome por horas, um longo e quente banho relaxante, ao sair do banho eu estava com as energias renovadas, mas ainda estava pensando em tudo o que tinha acontecido, o único pensamento que eu estava repelindo da minha cabeça era o pensamento chamado Pedro, eu não queria pensar sobre ele, ou tudo o que passamos, ou tudo o que dissemos, eu queria apenas esquecer, esquecer o beijo, os olhares, começar de novo como se fossemos apenas conhecidos. Depois de me vestir, alguém bateu na porta e eu implorei em silêncio para que não fosse o Pedro, atendendo as minhas preces quando a porta se abriu era a Isabela, mas ainda sim eu sabia que a presença dela ali significava que era vez de nós conversarmos.

- Oi Catarina, como passou a noite? – ela disse com um olhar inseguro, que sinceramente estava acabando comigo.

- Bem obrigada, e você Isabela? – eu disse me sentando na cama.

- Bem – nós ficamos em silêncio – Há, eu trouxe seu café da manhã - ela disse colocando uma bandeja em cima da mesa próxima ao meu notebook.

- Obrigada – eu disse me levantando e indo em direção a mesa, para falar a verdade eu estava com fome, esses dias eu devo ter tido umas duas refeições ou menos, essa é uma mania que se ganha por conviver com vampiros, você esquece de se alimentar.



Eu me sentei na mesa e comecei a comer o pãozinho e beber o suco de laranja que estava realmente delicioso, Isabela se sentou ao meu lado e abaixou à cabeça, eu poderia estar magoada com ela, mas não estava mais agüentando vê-la daquele jeito, por mais que eu estivesse triste eu ainda sentia que ela era minha mãe, eu não podia simplesmente desligar isso dentro de mim, e mesmo que eu não seja a Katherine, e ela não me ame da mesma forma de repente ela possa me amar de algum outro jeito.

Eu cortei o silêncio.

- Isabela? – ela olhou rapidamente para mim.

- Sim – seus olhos eram cheios de esperança, e isso foi o que faltava para que eu me ouvisse dizendo:

- Eu posso ter estado magoada, mas não quero que me trate assim.

Ela me olhou surpresa.

- Me desculpe Catarina é que eu apenas pensei que fosse cedo demais para... Para qualquer coisa depois de ontem. – ela disse abaixando a cabeça novamente.

- Isabela, eu sei e me perdoe, mas eu não sou a Katherine, deus sabe como eu queria ser, como eu queria ser a filha que vocês querem, mas eu não sou, eu sou apenas a Catarina então tudo bem se você não me amar do mesmo jeito, mas eu queria apenas que você... Eu não sei... – eu estava confusa e dizer aquilo em voz alta estava trazendo todas as lembranças e os vazios que estavam enraizados dentro de mim.

Uma lágrima desceu do olho dela, uma lágrima de sangue, e ela a limpou rapidamente

- Me desculpe eu não queria te assustar – ela disse se levantando e limpando as lágrimas que estavam para vir como se estivesse se recompondo.

- Tudo bem eu já me acostumei – eu sorri

- Catarina... – eu a olhei – Você acredita realmente que eu não te amo? Você é a coisa mais importante para mim, você pode não ter me visto, mas eu vi você cresce, eu estava lá, e eu amei a Katherine sim, mais do que tudo, mas eu também te amo Catarina você também é minha filha, vocês são uma pessoa só, só que diferentes vocês são como gêmeas, iguais mais com personalidades diferentes e eu sei disso, porque eu conheço você Catarina, então, por favor, nunca mais pense que eu ou o seu pai não te amamos, porque nós amamos, e muito.

Eu fiquei parada, eu não sabia o que dizer, eu estava feliz, mas também estava triste por ter pensado que eles não me amavam, e ainda sobrava aquela sombra que o vazio trás, aquela leve duvida de se eu não estava apenas imaginando isso tudo ou se ela estava apenas me dizendo isso por pena, entre todas essas opções eu só conseguia aceitar a de que ela estava dizendo a verdade, era a que me deixava mais feliz e a que me fazia querer viver.

- Obrigada – eu disse me levantando e a abraçando. – Eu te amo mãe.

Ela me abraçou;

- Eu também te amo filha. – nós ficamos nos olhando por um tempo – Agora vamos nos apressar, seu pai quer falar com você.

Eu parei por um momento, ela tinha me dito que ele me amava, mas ele não havia dito nada, ele nem ao menos veio me ver, e ontem quando ele estava aqui no quarto ele nem ao menos me olhou, e isso tudo me fazia pensar que ele simplesmente não me amava que ele pensou que eu poderia ser como a Katherine, mas que tinha se decepcionado.

- Tudo bem Isabela, mas o que ele quer?

Ela me encarou, como se percebesse que em relação a ele, o ressentimento e a insegurança ainda estavam me assolando.

- Ele quer apenas conversa com você Catarina. – eu fiquei em silencio e fui terminar de pentear meus cabelos, percebendo minha reação, ela veio atrás de mim pegou a escova da minha mão, puxou meus cabelos para trás e começou a penteá-los. – Henrique costuma ser o tipo de pessoa cabeça dura e teimosa assim como nós duas sabemos que você também costuma ser, ele apenas é mais fechado, mas isso não significa que ele não te ama, eu tenho vivido com ele por muito tempo para saber que eu nunca o vi tão preocupado ou admirado como ele se sente em relação a você, então dê uma chance para ele, não pense que ele não te ama, porque você vai mentir para si mesma, ele ama você, ele só não demonstra isso da mesma forma.

Nós ficamos em silêncio, ela penteou meus cabelos e então saímos.



Ao chegar ao escritório, Henrique estava sentado na sua mesa como sempre, e pediu que eu me sentasse.

- Obrigada por vir Catarina, como passou a noite? – ele disse sorrindo.

- Muito bem obrigada, e você? – eu disse fria e abaixei minha cabeça.

- Bem também – ele disse sem graça – Isabela, você poderia nos dar licença? Eu queria ter uma conversa com Catarina a sós.

Isabela assentiu e saiu. Quando ela saiu o silêncio se instalou na sala, Henrique foi o primeiro a falar.

- Catarina, eu sei que você está magoada, eu vejo isso em seus olhos, e sei que ontem eu não fui o que mais esteve ao seu lado por mais que eu quisesse, é que eu apenas queria te dar espaço, queria que você entendesse por si mesma que eu e a sua mãe te amamos Catarina, mas também eu não quero que pense que você não é a Katherine, porque você é, e você tem que aceitar isso, mas a situação é que você também a Catarina, com sua personalidade única, e seus medos, e suas inseguranças, eu sei que isso pode ser confuso, mas eu só quero que você entenda é que você é as duas ao mesmo tempo, porque você foi a Katherine ela faz parte de você, mas não é quem você é agora.

Eu o encarei

- Obrigada – eu fiz uma pausa e levantei meu rosto para poder olhá-lo – Eu sinceramente sinto como se vocês fossem meus pais, e isso pode até ser alguma coisa relacionada à Katherine, mas é como eu me sinto, eu Catarina, e eu só espero que vocês possam gostar de mim tanto quanto vocês gostavam dela.

- Nós já gostamos Catarina, nós amamos você, é isso que eu quero que você entenda você é minha filha, você Catarina, e eu nunca vou desejar que você seja nada além do que você já é.

Eu o olhei nos olhos.

- Eu também te amo pai. – nesse momento ele se levantou veio até mim, me abraçou e sussurrou no meu ouvido.

- Obrigada.

Ficamos abraçados por um tempo até que eu sai, e ele pegou minha mão.

- Bom você está bem para um treino de espadas? – eu o encarei, e ele sorriu – Claro dessa vez sem nenhum dano físico nem de qualquer tipo.

Eu ri

- Sendo assim, claro porque não?



Nós nos dirigimos a aquela espécie de arena que tinha na parte de trás da Mansão, e Flávio estava nos esperando, mas dessa vez não tinha nenhum vampiro além dele.

- Bom dia Catarina. – ele disse sorrindo. – Bom dia Henrique.

- Bom dia Flávio, Catarina veio ter aulas de espadas, por mais que eu pense que ela não precise devido aos acontecimentos – Henrique sorriu.

- Você tem razão, deveria ficar orgulhoso Henrique sua filha é a única em toda a ordem que consegue me vencer com as espadas – ele sorriu e me olhou nos olhos, nesse momento um arrepio involuntário correu pelo meu corpo.

- Tudo bem vocês estão exagerando, eu posso apenas ter ganhado aquela disputa por sorte, mas isso não importa de qualquer modo eu vim ter aulas certo? – eu disse cortando todo a conversa sobre meu desempenho na última luta.

- Tudo bem, então vamos as aulas – Flávio pegou as espadas e parou a minha frente com a sua velocidade que agora já se tornará comum para mim, eu peguei a espada e me posicionei.

- Tudo bem, eu vou indo, qualquer coisa estou em meu escritório, e eu espero não ter que ver mais nenhuma parte de Catarina com algum arranhão, entendeu Flávio? Isso é apenas uma aula. – Henrique lhe mandou um olhar duro.

- Claro Henrique.



Henrique se virou e sumiu e como os outros em um piscar de olhos era apenas um vento.

- Catarina me desculpe pela mão, não era minha intenção te machucar eu apenas estava digamos que irritado. – ele sorriu

- Tudo bem, me desculpe enfiar uma espada no seu estômago, eu estava irritada. – eu ergui uma sobrancelha questionando a mim mesma.

- O que foi? – Flávio disse rindo da minha expressão

Eu ri

- Eu não sei, eu apenas nunca pensei que fosse dizer algo do tipo para alguém - nós rimos.

- É realmente não é algo muito comum de se dizer – Flávio se posicionou. – Então vamos começar?

- Claro – eu disse me posicionando.



Nós começamos a lutar, mas dessa vez foi divertido, nós riamos mais do que trocávamos olhares cobertos de ódio como da última vez, não existia mais competição éramos apenas nós mesmos, lutando com espadas e como antes a adrenalina da luta era uma sensação ótima, mas agora era bem melhor sem todo aquele sentimento pesado, no final com Flávio fazendo caras e sons de homens primatas, eu tive um ataque de riso e ele conseguiu me pegar por trás e enfiou sua espada entre meu estômago e meu braço simulando como se tivesse me acertado, nesse momento um calor percorreu meu corpo, o toque de Flávio agora estava diferente ele era calmo, delicado, mas ao mesmo tempo era forte e quente, nós paramos de rir e ele me virou, ficamos nos olhando por um tempo, até que uma sensação ruim passou pelo meu corpo e eu me virei, de longe pude ver Pedro sendo puxado por uma menina que deveria ter a minha idade ou um pouco mais, ela era um pouco mais alta, e tinha cabelos ruivos, seus olhos eram negros, e ela era branca como a neve.

Ao chegarem mais perto, pude ouvir Flávio falando atrás de mim.

- Isso vai ser divertido.

Eu me virei para olhá-lo sem entender o porquê, mas logo me virei quando eles chegaram.

- Oi Catarina – Pedro disse me olhando nos olhos, mas logo a menina que estava ao seu lado puxou seu braço como se para despertá-lo – Essa daqui é sua prima, Emily.

Eu a encarei.

- Prima? Mas eu não me lembro de Joseph ter me dito nada sobre uma filha... – eu olhei para Flávio ele estava prendendo o riso.

- É porque eu não sou filha de Joseph.

Eu me virei nesse momento e a encarei espantada.

- Se você não é filha de Joseph então você... Como você pode vir aqui? – eu disse com desdém na voz.

Ela levantou a cabeça como se fosse superior

- Eu também faço parte da ordem, não tenho nada haver com a luta de nossos pais. – eu a encarei e nesse momento um flash de lembrança passou rápido em minha cabeça como uma dor aguda na minha cabeça eu me abaixei com a intensidade da dor, eu não conseguia ver muita coisa só pude ouvir minha voz em uma língua que eu não reconhecia e uma floresta e então eu voltei como de um susto, Flávio estava me apoiando para ficar de pé, eu olhei em volta e todos me observavam preocupados e espantados.

- Está tudo bem eu só... Não é nada. – eu a encarei e nesse momento um reconhecimento me veio, ao ver meu rosto ela deve ter percebido e nesse momento se encolheu.

- Que bom que está bem Catarina – ela disse sorrindo sendo simpática, mas eu sabia com todas as minhas forças, ela não era confiável.




sexta-feira, 22 de julho de 2011

Capítulo 12 - Novas faces

Mike Posner - Please Dont Go

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Você sabe que eu preciso de alguém
Alguém como você, tudo que você sabe, como você fala
Amantes incontáveis disfarçados nas ruas

(Use somebody – Kings of Leon)



Eu só me lembrava de entra em uma sala com retratos meus, vestida com vestidos antigos, como se eu fosse de outro tempo, e então eu vi um nome Katherine, no momento em que vi esses quadros e esse nome, uma dor agonizante veio a minha cabeça eu cai de joelhos e então eu não me lembro de mais nada, mas em meio toda aquela dor eu pude ter uma lembrança, eu não sei bem se era uma lembrança, mas esclarecia muita das minhas infinitas perguntas, eu era a reencarnação da filha de Henrique, então agora eu entendi por isso eu sou humana, por isso eles nunca deixaram claro o porquê de me deixarem com uma família no Brasil, Henrique disse apenas que era para me proteger, mas eu sabia que isso era mentira, agora tudo fazia sentido, estava tudo mais claro, esse não era o meu lugar, eu deixei minha família de verdade, para servi de substituta para outra, apenas para amenizar o vazio que a Katherine deixou, eles não me amavam, eles amavam a Katherine, essa história de tio Carlos, não deve nem ao menos ser real, como eu fui tola, mas a força ou não eu não vou mais ficar aqui.

Eu acordei como de um pesadelo, me levantei suando, e sem respiração, ao olhar para os lados eu pude ver Isabela me observando com dor nos olhos, e Henrique de costas em frente à janela, eu estava no meu quarto, quer dizer esse não era mais meu quarto, nada aqui era meu.
Eu me sentei e fiquei de cabeça baixa, esperando que um dos dois tivesse o bom senso de me contar o que estava acontecendo.
Antes que Isabela ou Henrique pudessem dizer algo, um homem entrou pela porta e pelo o que eu me lembrava dos retratos na sala de Henrique, ele era o meu suposto tio.
- Saiam vocês dois, eu vou conversa com Catarina – ele disse com um olhar duro na direção de Henrique, nesse momento ele se virou.
- Josefh, nós temos que fazer isso.
- Vocês? Pra começo de conversa vocês esconderam isso dela o tempo todo, eu sempre disse que ela tinha o direito de saber o porquê de tudo isso, ela não é nenhuma criança, e se ela for tão forte quanto a Katherine e eu sei que é, porque ela já nos provou isso, passando por tudo que já passou, ela vai agüentar, agora me dêem licença. – ele disse direcionando o seu olhar para Isabela – Isabela? Por favor. – ele disse delicadamente, Isabela nesse momento se levantou, foi até Henrique, pegou em sua mão e o levou para fora do quarto.
Depois que eles saíram só restou eu e Josefh dentro do quarto, ele se aproximou e sentou ao meu lado e ficou olhando para o nada, eu não podia evitar sentir uma simpatia grande por ele, isso deve ter algo haver com a Katherine afinal ele era tio dela, mas ainda sim eu sentia como se eu fizesse parte disso, e descobri que não estava realmente acabando comigo.
Eu cortei o silencio.
- Então como ela era? – eu disse me virando para ele.
Ele me encarou e então sorriu
- Bom fisicamente são exatamente iguais, mas tem algo em você que eu nunca vi em Katherine eu não sei se é por vocês terem passado por coisas diferentes, eu sei que vocês são diferentes, eu não sou como eles, que querem se iludir de que você pode ser a Katherine, não porque você é a Catarina com o seu jeito único, e sinceramente menina isso é o que eu mais gostei de você até agora, a sua humanidade, a Katherine também tinha isso mesmo sendo uma meia vampira, mas você... Você é real entende? Você é sincera, você é o que é, sem ser treinada e sem crescer no meio dessa guerra, você é apenas uma menina.
Eu o encarei, ele disse tudo o que eu sentia, tudo o que eu queria ouvir de certa forma, de que mesmo eu não sendo a Katherine eu ainda era amada, eu ainda era querida, que eu não estava ali para substituir ela, eu estava apenas por ser eu mesma, mas no fundo eu sabia que não era verdade.
- Que bom que você tem bom senso, mas ainda assim nós sabemos que isso é mentira, eu não pertenço a esse lugar, eles me tiraram da minha família, para ficar em uma família que só me quer como um buraco, para substituir uma perda, e para ser a Katherine só que eu não sou, eu sou a Catarina, e isso nunca vai mudar, é por isso que eu vou embora. – eu abaixei a cabeça.
- Você quer mesmo ir embora Catarina? Já parou para pensar que você pode não ser exatamente como a Katherine, mas que querendo ou não você não É a Katherine, você FOI, então não tente lutar contra isso, você tem que aceitar, mesmo se não quiser ela é parte de você, de quem você foi, então sim essa família aqui é sua família e eu sou seu tio, eu me sinto como o seu tio, e não pela sua aparência, mas pela a sua força, você abandonou uma família no Brasil, tem que ser muito corajosa para se fazer uma coisa assim, você lutou contra os seus medos e mesmo assim veio, porque você é a Catarina, e eu já te amo como Catarina, porque é quem você é agora, então não fuja disso meu amor, é sua vida, é quem você é, não é como se você pudesse desligar isso, e a guerra com Carlos não é uma mentira Catarina, e no fundo você sabe disso, eu sei que você tem lapsos de memórias da Katherine, mas não precisa se preocupar isso morre entre nós, pra que ninguém pense que por isso você é ela, mas eu quero que saiba que você tem que lutar, mostra que você é filha deles, mas não a Katherine, a Catarina que também é forte, corajosa, e por coincidência ótima com espadas – ele sorriu, uma lágrima caiu dos meus olhos, eu o amava, e ele sabia disso, ele era meu tio e ele estava certo querendo ou não, ou fui à katherine, ela faz parte de mim, é quem eu sou e fui, então eu não posso fugir disso, eu posso apenas lidar com isso e prova que eu sou tão boa quanto, porque eu sou ela, mas eu também sou a Catarina, e eles eram minha família e eu os amava mesmo tendo tão pouco tempo, e eu sabia que não conseguiria deixá-los, eu o abracei e enterrei minha cabeça em seu ombro.
- Obrigado Josefh – eu sorri
- Vai ficar tudo bem minha garotinha, você vai ver. – ele disse passando a mão pelos meus cabelos. – Eu estou aqui, agora fique calma e mostre para eles. – ele sorriu
- Obrigada por gostar da Catarina e não ficar me comparando, eu posso ter sido ela em outro tempo, mas agora eu sou a Catarina e eles vão ter que aceitar isso, ou então eu não posso viver aqui. – eu disse abaixando minha cabeça e espantando o sentimento de vazio que veio a mim com essa hipótese.
- Eles já aceitaram porque mesmo você sendo a Catarina você despertou amores por si próprios, assim como o meu, eles apenas tem a lembrança da Katherine por isso às vezes é difícil, mas não os culpe, eles amam você de qualquer forma, eles viram você cresce sabia? Então não se perturbe com isso, qualquer coisa eu estou aqui – ele disse sorrindo e levantando o meu rosto de modo que pudesse secar as lágrimas.
- Obrigada.
- Não tem de que meu amor, agora eu tenho que ir, e também eu tenho certeza que alguém quer falar com você.
Eu sabia que esse alguém era Pedro.
- Josefh se eu te pergunta uma coisa, você me responde com sinceridade?- eu o encarei
- Claro, pergunte.
- O que o Pedro era para Katherine? – ele ficou em silencio – Quer dizer eu não entendo, eu senti algo forte por ele desde o dia em que eu o vi, e desde então sempre que estou com ele, eu não entendo como as coisas acontecem, e os sentimentos que eu sinto, elas só acontecem, e até agora eu tenho tentado não pensar nisso, mas eu não posso mais fingir não enxergar uma coisa que está na minha frente.
Ele me encarou.
- Eles eram apaixonados um pelo o outro, Catarina é por isso que você se sente assim, quando ela morreu ele foi um dos que mais sofreu, ele se isolou, sumiu, ficamos sem notícias dele por anos, ele só voltou à ordem anos atrás, mas nunca falou nada sobre isso.
Eu fiquei em silencio, e um nó desceu rasgando minha garganta, então era tudo falso, todos os sorrisos, as preocupações, os olhares, o beijo, o desejo, os sentimentos, tudo para ele era falso, ele só queria a Katherine de volta, e quando eu apareci com a mesma aparência, ele viu uma esperança de tê-la novamente, ele não me amava, ele amava a Katherine, mas que inferno porque eu o amava, não foi falso para mim, porque eu senti tudo, cada sorriso, cada toque, eu confesso que no começo pode ter sido um sentimento morto da Katherine que me aproximou dele, mas depois ele me conquistou, eu Catarina, mas isso acabava agora, eu não ia mais servi de consolo para ele, ele tinha que superar a Katherine e mesmo eu o amando com todas as forças eu não posso ficar com ele, não com ele amando outra pessoa.
- Obrigada Josefh.
Antes de ele sair ele se aproximou de mim, me deu um beijo na testa e sussurrou no meu ouvido.
- Nunca duvide da sua capacidade de desperta amores, você pode não ser a Katherine, mas é tão extraordinária quanto. – ele sorriu e saiu

Assim que ele saiu eu me deitei, e então Pedro entrou no quarto como um vulto quando me virei ele estava sentado em minha frente, pela primeira vez eu não levei um susto, na verdade era como se eu pudesse sentir a presença dele, eu me sentei e o olhei nos olhos esperando que ele dissesse algo, mas ele não disse nada então eu cortei o silêncio.
- O que você faz aqui ? – eu suspirei, eu estava realmente exausta disso tudo, todos os sentimentos a mil de uma vez só estavam acabando comigo, mas nada era pior do que saber que ele não me amava.
Ele suspirou e abaixou a cabeça.
- Você está bem? – ele disse levantando o seu rosto para poder me olhar nos olhos, mas eu não ia olhar eu não podia olhar porque eu sabia que se eu olhasse eu me perderia e esqueceria tudo e eu não podia.
- Eu estou bem Pedro, você pode ir agora. – eu disse me levantando e indo em direção ao banheiro, ele parou na minha frente e abaixou a cabeça.
- Porque você está fazendo isso comigo? – eu não agüentei um excesso de raiva tomou conta de mim, toda a dor que eu estava sentindo começou a borbulhar.
- Eu estou fazendo isso com você? Eu Pedro? – minha voz se alterou – Sério? – eu soltei uma gargalhada nervosa – Pedro sinceramente vai embora, eu não quero mais ouvir nada que venha de você. – eu abaixei minha cabeça, meu deus eu não estava agüentando isso, eu não conseguia agüentar isso eu não podia falar com ele assim, eu não conseguia expulsá-lo da minha vida.
Ele se aproximou
- Catarina, me escuta, não tem razão pra você agir assim! – ele disse segurando meu dois braços, eu me soltei.
- Não tem razão? Pedro você me usou esse tempo todo, me usou pra tampar o vazio que a Katherine deixou em você, Pedro eu não sou a Katherine eu sou a Catarina e eu nunca vou ser a Katherine – eu não agüentei e as lagrimas começaram a cair – Por favor Pedro não me machuca mais, só vai embora, nós dois sabemos que você não me ama, você ama a Katherine, no fundo você sabe disso então por favor, só... Só me deixa te esquecer, pelo menos isso. – eu abaixei minha cabeça – Por favor Pedro vai embora – minha voz agora era apenas um sussurro, um vento passou por mim e quando levantei minha cabeça, ele tinha ido.

Eu não podia mais ficar naquele quarto, eu precisava andar, sair daquele lugar, eu fui para aquele carvalho que eu tinha visto no dia em que cheguei, me sentei e me encostei na árvore, fechei meus olhos, e inclinei minha cabeça para trás, as lágrimas desciam suavemente pelos cantos dos meus olhos fechados, uma brisa passou por mim e quando abri os olhos Flávio estava sentado do meu lado olhando para o nada.
Eu me endireitei e sequei as lágrimas.
- O que você quer aqui? Olha Flávio por favor hoje eu não estou no clima então, só... Só me deixe em paz aqui ok? Por favor. – eu abaixei minha cabeça.
- Calma Catarina eu não vim te perturbar ao contrário, eu vim conversa, eu soube o que aconteceu e sinceramente, não acredito que você mereça isso, quer dizer por que eles não te contaram? Você tinha o direito de saber, e só por você ser a reencarnação de alguém não significa que você é exatamente igual aquela pessoa, isso é tolice, você viveu coisas diferentes, com pessoas diferentes, o que te torna uma pessoa diferente e sinceramente eu prefiro você assim do jeito que você é. – ele disse se virando e sorrindo pra mim, e pela primeira vez ele parecia sincero.
Eu me virei para olhá-lo
- Obrigada Flávio.
Ele se aproximou e passou a mão pela a linha dos meus olhos secando minhas lágrimas.
- Não chore Catarina, eles não merecem suas lágrimas.
- Porque você está fazendo isso? Quer dizer, porque você está sendo tão legal? – eu o encarei.
Ele soltou um riso nervoso
- Porque eu sei como é quando as pessoas esperam que você seja exatamente como uma pessoa que não vai voltar mais. – ele ficou em silêncio – Meu irmão mais velho morreu na guerra, e desde então minha família e todos ao meu redor me treinaram e me ensinaram tudo para que eu fosse igual a ele, e cada falha eu sofria com isso, as comparações, as decepções estampadas em seus rostos, não é legal quando eles não aceitam que você é perfeito do seu jeito.
Eu o olhei nos olhos verdadeiramente pela primeira vez e pude ver a dor neles, agora com mais calma eu pude ver um lado de Flávio que eu nunca vi antes, ele era apenas infeliz, incompleto por não ser aceito por si próprio.
- Eu lamento Flávio, deve ter sido difícil – eu continuei a olhá-lo nos olhos.
Ele sorriu como se espantasse as memórias.
- Está tudo bem, agora vamos nos levantar e provar a eles, que eles estão errados, e eu tenho certeza que você pode mostra isso para eles minha Catarina. – eu o observei
- E ai está o velho Flávio de sempre, eu estava começando a me assustar – nós rimos. – Obrigado Flávio. – Ele pegou a minha mão e a beijou
- Não tem de que – Ele fez uma pausa e me olhou nos olhos – Vamos dar uma volta.

Capítulo 11 - Na luz do seu sorriso

For The Frist Time - The Script

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Você abriu a porta, não a deixe fechar
Estou aqui no limite de novo

Eu queria conseguir deixá-lo ir

Sei que estou só a um passo

De mudar tudo isso

(All I need – Whitin Temptation)





Eu olhei Flavio nos olhos, e pela primeira vez eu pude ver que ele era realmente muito bonito, e se eu não estivesse apaixonada por Pedro como eu estou provavelmente já teria cedido aos seus encantos. Antes que eu pudesse responder qualquer coisa Pedro falou por mim.
- Não – sua voz era grossa e certeira, ele encarou Flávio por um momento e eu pude ver a hostilidade que tinha entre os dois.
- A Catarina você não está com medo, está? Quer dizer eu não vou te machucar eu vou te ensinar, afinal não é para isso que você está aqui? – Ele sorriu para mim, e ele tinha razão não é como se ele fosse me matar ali, afinal eu era filha de Henrique e pelo o que eu vi até agora, eles não seriam capaz de me machucar.
- Tudo bem – eu disse me aproximando, mas não peguei em sua mão, passei direto.
Ele sorriu ainda mais, se virou e se aproximou rapidamente.
- Você sabe como se luta Catarina? – ele disse se aproximando demais de mim.
- Sei as regras – eu disse me afastando, ele sorriu e como um vulto pegou outra espada e me deu.
- Ótimo então podemos começar. – ele disse aproximando o seu rosto do meu e saindo com um sorriso safado no rosto.
Se ele queria jogar, então nós vamos jogar, só que se ele pensa que pode jogar o mesmo jogo que o Pedro ele está muito enganado.
Eu sorri e me afastei, nós nos cumprimentados.
No momento em que peguei a espada, eu senti uma dor forte na minha cabeça que fez com que eu me curvasse um pouco, imagens flashes onde eu estava lutando com espadas, e então eu sabia tudo, cada golpe, cada ponto de ataque tudo, eu levantei minha cabeça, e pude ver que Pedro me olhava preocupado.
- Está tudo bem Catarina? – Flávio disse se aproximando, eu levantei minha cabeça rápido e assumi a postura de luta.
- Estou ótima.
- Então podemos começar – ele sorriu.

Nós começamos devagar, apenas defendendo ataques fracos um do outro, até que ele veio com tudo p. cima de mim e eu me desviei, e ataquei com tudo em cima dele, ele era rápido, mas com as espadas eu era mais, de uma forma que eu não sabia explicar eu podia prevê cada golpe antes que ele me atacasse, quando ele se preparava para me dar o golpe eu já sabia e me adiantava me defendendo e o atacando, até que ele me rodou, e ia colocar a ponta da espada em meu pescoço, eu me abaixei rapidamente e quando levantei cortei sua blusa, atingindo sua pela na altura da barriga.
Ele sorriu.
- Se queria me ver nu, era só pedir Catarina – eu o olhei irritada e o ataquei com tudo, cortei o lado esquerdo da sua coxa.
Ele me encarou, como se estivesse surpreso, e com certeza até eu mesma estava, quer dizer eu nunca fiz nenhuma aula, nada, como eu poderia lutar desse modo, eu não sei, só sei que eu tinha me lembrado, aqueles flashes eu sabia que eram memórias, e então eu sabia lutar.
Flávio veio com tudo pra cima de mim, claramente tentando recuperar seu orgulho, e conseguiu fazer um leve corte na minha mão esquerda, eu estava adorando aquilo, a adrenalina da luta, o imprevisível, eu sorri e chupei o sangue que estava escorrendo, ele me encarou claramente excitado, eu o encarei de volta com raiva, eu não gostava da presunção dele, de achar que tudo e todos, pertencem somente a ele, ele era claramente patético.
Ele veio com velocidade de vampiro para trás de mim e tirou meu cabelo da nuca me pegando de surpresa achando que ia ceder a seu jogo, e nesse momento eu sorri para mim mesma e enfiei a espada em seu estômago e a tirei me virando para vê-lo, o vampiro que eu considerava juiz na luta anterior anunciou que eu era a vencedora, Flávio ficou me encarando claramente surpreso e intrigado, eu apenas dei um sorriso irônico e sai, ao passar por Pedro lhe entreguei a espada com sangue e segui para o meu quarto.       

Ao chegar ao meu quarto, fui para o banheiro e deixei minha mão embaixo da água de modo que fizesse parar o sangramento, afinal não é legal você sendo humana andar sangrando em uma mansão onde todos são vampiros e não se alimentam de sangue humano fresco há muito tempo, isso pode claramente causar problemas, eu sorri para mim mesma com esse pensamento.
Depois de fazer um curativo, me deitei para descansar, eu estava exausta, e ainda muito confusa com tudo o que tinha acontecido, como eu tinha lutado daquele jeito? E que memórias são aquelas de mim lutando? Eu não me lembro de ter vivido aquilo, mas eu vi claramente, era eu que estava vestida de forma diferente e lutando, mas como antes eu ainda prefiro evitar perguntas, porque a cada vez que surgi mais perguntas de certa forma, elas vêem mais fortes e mais dolorosas, e no momento já estou passando por coisas demais, interrompendo meus pensamentos alguém bateu na porta.
- Entre – e quando a porta se abriu eu pude ver que era Isabela.
- Minha filha deixe-me ver sua mão, o que você tinha na cabeça lutando espadas daquele jeito com Flávio?
Eu sorri claramente ela era minha mãe.
- Mãe eu venci – eu disse olhando-a nos olhos – fique calma foi só um corte leve eu já cuidei disso.
Ela se aproximou de mim, e então no meio do caminho parou me olhou com uma cara de dor e então se virou para o outro lado.
- O que houve? Isabela está tudo bem? – eu disse me levantando e indo em direção a ela.
Ela se virou
- Sim está, eu só... – Ela sorriu – Eu achei que fosse ter medo por eu ser uma vampira e cuidar de um ferimento seu.
Eu a olhei nos olhos e me aproximei dela.
- Claro que não Isabela, não tenho motivos para ter medo de você – eu sorri e ela retribuiu o sorriso e me deu um abraço apertado.
- Ainda bem que você sabe disso minha filha, eu nunca faria nada que pudesse te machucar.  – eu a olhei
- Eu sei disso
- Mas mesmo assim me deixei ver como isso está – ela pegou minha mão e a desenfaixou. – Nossa esse corte foi um corte feio Catarina, espere um segundo. – ela se levantou e foi até o banheiro e voltou com uma caixinha de primeiros socorros.
- Você sabe lidar com ferimentos? Quer dizer vocês são vampiros, vocês se curam rápido. – eu a encarei intrigada.
- Quando eu era humana, eu era enfermeira então não se preocupe é como andar de bicicleta – ela sorriu – E até mesmo nós vampiros, temos truques para que ferimentos humanos curem rápido.
Eu a encarei, de que truque ela estava falando? Quer dizer eu não iria beber do sangue dela nem nada do tipo.
- Continuando – ela abriu a caixa e tirou uma caixinha pequena de alumínio que tinha dentro e pegou um pouco de uma pasta que tinha dentro e passou em cima do corte. – pronto, amanhã já deve estar bom.
Eu a encarei, ainda mais confusa do que antes
- O que você fez?
Ela sorriu
- Isso aqui é uma antiga pasta, feita por ervas medicinais capaz de curar ferimentos muito rápido e não estraga com o tempo ao contrário só melhora o que no caso de seres imortais é ótimo.
Eu sorri
- Obrigada.
- De nada meu amor – ela se levantou e ficou em silencio como se estivesse ouvindo algo fora dali e em seguida se virou para mim – Acho que alguém quer falar com você – nesse momento alguém bateu na porta. – Entre – ela falou alto.
Pedro entrou pela porta devagar, ainda incerto se deveria estar ali.
- Boa tarde Isabela – ele a cumprimentou – Estou interrompendo?
- De modo algum, eu já estava de saída e Catarina precisa mesmo de uma companhia. – Ela me olhou com um sorriso no rosto que já dizia tudo, “eu estou sobrando aqui” e eu não pude evitar sorri de volta. – Eu já vou minha filha, mais tarde eu passo aqui novamente para vê-la
- Tudo bem Isabela, obrigada
Ela sorriu e saiu.

Depois de Isabela ir embora só ficou eu e Pedro no quarto, ficamos parados olhando um nos olhos do outro por um longo momento, quem cortou o silencio foi Pedro.
- Deixe-me ver sua mão, ela está melhor? – ele se aproximou de mim e pegou minha mão.
- Sim Isabela já deu um jeito nela, e pelo o que ela disse amanhã já estará novinha em folha – eu sorri, e o olhei nos olhos enquanto ele olhava cada linha de mão buscando por algum machucado, e olhando naqueles lindos e profundos olhos verdes eu tinha certeza, eu estava completamente apaixonada por Pedro, eu não sei dizer desde quando, mas algo dentro de mim me diz que foi desde quando o vi pela primeira vez entrando na sala de aula, percebendo meu olhar ele olhou para cima, e se surpreendeu por ser observado, e provavelmente todo o amor que eu sentia deveria estar estampado no meu rosto porque ele apenas sorriu e passou as mãos pelos meus cabelos tirando os do meu rosto, eu virei minha cabeça de modo que ficasse deitada em sua mão, ele sorriu e começou a se aproximar, em instantes nossos rostos estavam colados eu podia ouvir minha respiração acelerada e então nós nos beijamos, foi perfeito, era como se fossemos feito um para o outro cada linha de nosso rosto se encaixava perfeitamente, Pedro começou me beijando devagar, mas logo foi ficando mais urgente, mais quente, ele desceu uma das mãos do meu cabelo para minha cintura e me puxou para perto dele, eu passei minhas mãos pelos seus cabelos e o puxei para perto, eu queria que fossemos um só, e estar ali com Pedro era como uma droga perfeita para mim, eu não conseguia me controlar, o desejo, o amor, a saudade, tudo se uniu em um só beijo, ele estava começando a puxar minha coxa para cima dele, de modo que eu ficasse sentada quando ele ouviu algo.
- Seu pai está vindo vê-la. – ele disse me olhando com um sorriso no rosto, eu passei minhas mãos delicadamente por toda a linha do seu rosto, o olhando admirada por tanta beleza. – O que foi? – ele perguntou sorrindo.
- Você é lindo – eu sorri
Ele riu
- É eu sei disso – ele disse rindo e eu dei um empurrão nele e ele pegou minha mão a beijou e a passou por todo o seu rosto – E você é tudo que eu sempre quis. – ele disse me olhando nos olhos.
Eu o beijei mais uma vez, mas dessa vez foi calmo, tranqüilo, era como se eu estivesse sendo levada pelo mar, era como uma brisa, fez com que todo o meu corpo relaxasse, e então eu sai.
- Meu pai está muito perto? – eu o encarei
Ele sorriu
- É... Mas perto do que eu desejo – ele sorriu – Eu vou sair para que vocês possam ficar a sós, mas mais tarde eu volto... Se você quiser que eu volte – ele disse me olhando nos olhos.
- É melhor você não demorar demais – eu disse sorrindo, ele retribuiu o sorriso e me deu um Celinho.
- É ótimo ouvir isso, mas agora eu tenho que correr – ele se levantou e foi com velocidade de vampiro até a porta, antes de sair ele se virou para mim. – A propósito, ótima luta – ele disse sorrindo e então sumindo como um vento forte que veio e se foi.
Quando meu pai chegou ao meu quarto eu estava sorrindo sozinha.
- Oi Catarina, como está sua mão? – ele disse aproximando.
- Está bem, Isabela já deu um jeito não é nada. – eu disse sorrindo pra tranqüilizá-lo
- Me desculpe por Flávio, imagino que ele não saiba o que é limites.
Eu sorri
- Eu não sei por que estão tão preocupados com Flávio se foi eu quem ganhou a luta, e ele quem teve uma espada enfiada em seu estômago. – Ele me olhou surpreso, como se não soubesse dessa parte.
- O que você fez Catarina? – ele se aproximou e sentou na cama.
- Eu lutei com ele, e confesso que o jeito dele me irrita então quando ele cortou minha mão eu não consegui me controla e enfiei a espada em seu estômago, mas ele vai curar de qualquer forma então – eu disse reprimindo o riso.
E para minha surpresa meu pai começou a rir.
- Essa é minha filha – ele disse me abraçando. – Agora eu tenho que resolver um problema rápido, será que você poderia me acompanhar ao meu escritório e me esperar lá? – ele disse se levantando.
- Claro

Nós fomos para o seu escritório e eu fiquei lá sentada, mas pelo visto ele iria demorar mais do que me disse então me levantei e comecei a olhar as coisas de perto, as esculturas, as pinturas, e quando cheguei aos livros me impressionei com a sua coleção, mas no momento em que puxei um livro uma porta se abriu na parte de trás do escritório no canto esquerdo atrás da mesa, coloquei o livro no lugar e fui até a porta. Quando a abri me deparei com um corredor, eu o segui e mais a frente pude ver outra porta, e quando abri a porta, eu não conseguia me mover, eu não conseguia acreditar naquilo que estava vendo, então tudo fazia sentido agora, senti uma dor agonizante em minha cabeça e só me lembro de cair.


terça-feira, 19 de julho de 2011

Capítulo 10 - Novos Amores

TV on the Radio - Wolf Like Me

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Às vezes quando olho seu rosto
Ela me leva para aquele lugar especial

E se eu fixasse meu olhar por muito tempo

Provavelmente perderia o controle

( Guns N' Roses - Sweet Child O' Mine)


Pedro:

 Nós quase tínhamos nos beijado, confesso que no começo eu não quis conhecer Catarina, pelo o medo de que o que eu ainda sentia por Katherine viesse à tona, e que todo esse tempo que eu passei tentando esquecê-la, se perdesse nos primeiros três segundos que nos olhássemos, mas agora eu não podia evitar, Catarina era ainda mais ousada que Katherine, e consegue me fazer perder todo e qualquer controle só com o olhar, e agora que o jogo começou, eu não posso evitar querer jogá-lo, não posso mais ficar longe dela, e quando estou perto tudo que quero é me perde em seu corpo.
Eu saí de seu quarto e fui ao encontro de Henrique, Flávio me acompanhou, quando estava saindo do quarto Flávio me olhou de cima a baixo.
- Posso estar errado, mas juro ter ouvido uma respiração ofegante, e cá entre nós querido Pedro, sabemos que nós não respiramos então logo presumo que a bela Catarina deve ter estado bem entretida. – ele me olhou e seu sorriso presunçoso tomou conta de seu rosto, Flávio era esperto, esperto até demais para o bem dos outros.
Eu o peguei pelo pescoço e o taquei na parede com toda a força.
Ele sorriu
- Mas eu tenho que concorda Pedro, Catarina realmente faz qualquer um perde a cabeça – ele riu, antes que eu percebesse, ele me pegou pelo pescoço e me tacou para longe, Flávio era forte, o único servindo a ordem que conseguia lutar por igual comigo, e como um vulto ele se aproximou e ficou parado nos meus pés.
- E você Pedro lembre-se com quem está falando – ele me encarou.
- Você vai mesmo querer jogar esse jogo Flávio? Lembre-se que eu não tenho nada a perder. – Eu me levantei rapidamente e o encarei.
- Eu não apostaria tanto nisso Pedro, porque tenho certeza que você não quer perder a Catarina, mas nós dois sabemos que isso vai acontecer, só não sabemos ainda se você vai perdê-la para mim ou por si mesmo.




Catarina:

Quando acordei estava em uma posição desconfortável, que com certeza era a origem das dores que eu estava sentindo no pescoço, me sentei e fiquei pensando em como seria o meu dia. Eu não conhecia nada aqui, o lugar, as pessoas, até agora somente meu pai e o Pedro.
Pedro no momento em que seu nome tomou conta dos meus pensamentos, pude sentir meu rosto corar com a lembrança da noite passada, agora mais calma e com menos calor borbulhando pelo meu corpo eu pude pensar melhor, nós quase tínhamos nos beijado, e esse quase estava me preocupando, como seria quando nos víssemos de novo? Ele me trataria diferente ou ontem não passou de dois adolescentes trancados sozinhos em um quarto com os hormônios a flor da pele? Não, Pedro era maduro ele sabia exatamente o que estava fazendo, e ele estava jogando, o problema é que quando se trata de Pedro eu nunca sou eu mesma, e no fundo eu sabia que ontem o jogo já tinha começado, e que fui eu quem deu a partida.
Me levantei e fui para o banheiro que tinha em meu quarto depois de um longo banho quente, me vesti e fui pentear o cabelo, nesse momento alguém bateu na porta.
- Entre
A porta se abriu e uma menina com mais ou menos a minha idade entrou, ela tinha cabelos loiros como os de Clara o que me fez sentir uma pontada de dor, e seus olhos eram castanhos.
- Desculpe interromper, mas sua mãe quer vê-la. – ela sorriu.
- Não interrompeu, obrigada por avisar, eu já estou quase pronta. – correspondi o sorriso, ela parecia ser legal.
- Meu nome é Hevi, e se precisa de uma amiga, ou apenas de uma guia, pode contar comigo. – como eu disse, ela era legal, e minha intuição me dizia que ela era uma boa pessoa, e até agora minha intuição não me desapontou.
- Prazer Hevi, eu sou Catarina como você já deve saber – eu ri – Obrigada.

Terminei de pentear meus cabelos e sai com Hevi, seguimos um corredor extenso, e viramos à direita, essa mansão parecia um caminho de rato, era cheia de corredores, portas e escadas.
Chegamos ao um corredor que ficava mais ou menos no segundo andar e paramos a uma porta grande a nossa direita, Hevi bateu e pude ouvir uma voz dizendo para entrar. Quando Hevi abriu a porta pude ver uma mulher de cabelos negros e olhos verdes, que eu poderia jurar que era exatamente como eu estaria daqui a poucos anos, já que ela era mais jovem do eu esperava. Assim que entrei, ela sorriu e se levantou da cama vindo em minha direção.
- Obrigada Hevi. – ela sorriu olhando para Hevi, logo depois ela veio em minha direção e me deu um abraço forte, no momento em que ela me envolveu em seus braços e eu pude sentir seu cheiro, eu comecei a chorar, uma dor tão forte tomou conta de mim, e descobri que eu possuía um vazio muito maior do que eu pensava, minha mãe era tudo de mais precioso nesse mundo, como eu posso ter ficado longe dela todo esse tempo? Eu a abracei mais forte e quando notamos nós duas estávamos chorando, mas suas lágrimas eram de sangue e eu me assustei, sai de seu abraço e limpei suas lágrimas o mais rápido que eu pude, ela riu com meu movimento estabanado.
- Calma minha filha está tudo bem, os vampiros de sangue puro como eu e seu pai, choramos sangue porque não ingerimos mais água no nosso organismo está tudo bem, desculpe assustá-la assim. – ela sorriu e limpou as lágrimas.
Eu ri
- Desculpe, eu pensei... Bem eu não sei o que pensei, mas tendo uma mãe vampira não era para eu me assustar com lágrimas de sangue. – nós começamos a rir. – E qual o seu nome? – eu a olhei.
- Meu nome é Isabela – ela sorriu. – mas se quiser pode me chamar de mãe, mas não precisa se apressar, quando você estiver pronta.
- Obrigada Isabela, é porque isso tudo é tudo muito novo pra mim, eu sinto coisas que eu não sei explicar por pessoas que eu nunca vi antes como você e o Henrique e o... Hãm... Eu só estou confusa.
Ela me olhou nos olhos, e nós duas sabíamos que eu estava falando de Pedro.
- Eu entendo Catarina, mas isso tudo vai passar você vai ver, em pouco tempo você vai se sentir em casa porque é aqui que sua família está, e aqui é o seu lugar, até lá você pode me contar o que quiser, e falar comigo sobre tudo. – ela passou a mão em meus cabelos.
- Obrigada Isabela. – eu sorri
- Você é tão linda, e está tão madura, a família do Brasil realmente te educou muito bem. – ela sorriu e então passou o dedo pela linha do meu rosto próxima aos meus olhos. – eu te amo minha filha.
Eu sorri e a abracei.
- Isabela, o que eu vou fazer hoje? – eu a olhei saindo de seu abraço.
- Esse era um dos assuntos que eu queria tratar com você, seu pai quer vê-la, porque ele quer que você assista a um treino de espadas dos vampiros que servem a ordem.
Eu a encarei.
- Por quê?
- Catarina tem vampiros atrás de você a mando de seu tio, por mais que você não vá sair dessa mansão até que esteja em segurança e que aqui tem todos os membros da ordem e seu tio não seria louco de entra, ainda sim você tem que aprender a se defender. – Isso fazia sentido afinal, eu não teria Pedro para sempre ao me lado me defendendo, e mesmo se tivesse eu queria ser capaz de defendê-lo também.
- Eu entendo Isabela – eu a olhei – E onde ele está?
- Ele está em seu escritório, eu vou levá-la lá. – ela sorriu e se virou para Hevi. – Hevi muito obrigada por trazê-la aqui, agora pode deixar que eu irei guiá-la. – ela sorriu para Hevi que me mandou uma aceno e partiu.

Nós fomos ao escritório de Henrique, ao entramos não o vimos, Isabela decidiu esperar por ele e enquanto isso me contou tudo sobre cada obra que tinha pendurada naquela sala inclusive sobre o retrato de meu pai e de meu tio.
- Mãe, meu tio está aqui? – eu a olhei.
- Sim e a propósito ele quer vê-la meu amor, eu tenho certeza que vocês vão se da muito bem, seu tio tem um espírito de um jovem. – ela riu
- Quantos anos ele tem? – eu a encarei.
Ela riu
- Depende... Você quer dizer como vampiro, ou antes, disso?
- Eu tinha me esquecido disso, bom pode ser os dois. – eu sorri
- Como vampiro eu não tenho certeza, mas são muitos e muitos anos, ele é um dos primeiros assim como seu pai, e antes disso ele tinha vinte e cinco anos.
Eu a olhei surpresa
- Só isso? Então ele é jovem. – eu ri – por isso o espírito jovem Isabela.
- Sim, mas ele também é muito maduro, e muito sério quando tem que ser assim como seu pai.
- Por falar nisso me fale mais sobre você e Henrique, como vocês se conheceram. – eu sentei em um sofá poltrona a puxando para sentar ao meu lado, ela sentou rindo, mas pude sentir que sua expressão mudou quando pedi para ela contar a história deles dois.
- Bom deixa eu vê por onde eu começo – eu pude perceber que ela estava escolhendo o que poderia me contar, e confesso que isso me deixou intrigada, mas antes que ela pudesse me contar qualquer coisa Henrique entrou na sala, salva pelo gongo.
- Bom dia minhas senhoritas – ele sorriu. – Vejo que já conheceu sua mãe Catarina – ele veio em nossa direção e depois parou – Espere me deixe contemplar mais um instante, ver vocês duas assim juntas, na minha frente, é quase uma obra prima – ele riu.
Minha mãe se levantou toda elegante e charmosa e foi até ele.
- Mesmo assim Henrique, você não escapar do sermão por deixar duas damas esperando em seu escritório esse tempo todo. – ela o beijou, somente um Celinho, mas eu pude ver o amor que vinha dos dois.
Ele sorriu
- Me desculpe, eu estava resolvendo assuntos da ordem. – ele sorriu para mim – E como foi sua noite? Dormiu bem Catarina?
- Sim, obrigado. – eu sorri de volta. – Minha mãe disse que você quer que eu assista o treino de espadas...
- Sim eu gostaria, mesmo que eu deseje que você nunca precise você tem que ser forte e aprender a se defender.
- Tudo bem, e quando eu começo? – eu o olhei.
Ele sorriu de volta surpreso.
- Agora mesmo – ele sorriu de uma forma como se lembrasse de algo.
- O que foi? – eu perguntei, e ele fez uma cara surpresa, como se tivesse mostrado demais.
- Nada só estou animado com o seu entusiasmo – ele pegou a mão de Isabela – Venham, vou levar Catarina até o campo.

Nós saímos da mansão pela parte de trás e pela primeira vez eu vi um campo lindo verde, agora o Carvalho estava mais perto, e a floresta também, mas ainda sim matinha uma distancia considerável. Mais a frente tinha uma parte do campo como uma arena, toda de pedra, em forma de um quadrado grande e largo e pude vários vampiros em volta mantendo distancia e observando com sorrisos maléficos no rosto, o que me fez tremer. Estavam dois vampiros no quadrado, e eles estavam se cumprimentado como se fossem começar a luta, o do lado esquerdo eu nunca tinha visto, mas o outro eu reconhecia era Flavio.
Henrique nos guiou, e nós aproximamos mais deles, e quando fui chegando mais perto do outro lado do campo puder ver Pedro, e nesse momento meu coração disparou, como se ele estivesse prestando atenção em meus batimentos nesse momento ele me olhou, e eu virei. Henrique acenou para que ele viesse até nós e quando eu pisquei, ele já estava na frente de Henrique, eu levei um susto, pelo o que parecia ia levar muito mais tempo do que eu esperava para eu me acostumar com a velocidade deles.
- Pedro, Catarina irá assistir o treino hoje e quero que lhe faça companhia
- Claro senhor, será uma honra.
- Obrigado Pedro. – ele se virou para mim – Catarina depois daqui você tem seu dia livre e se quiser pode passar no meu escritório para conversarmos mais um pouco. – eu assenti.
- Minha filha, mais tarde eu irei ao seu quarto, para conversarmos tudo bem? – Disse Isabela já se afastando e acenando, quando eles saíram me virei para Pedro e nesse momento eu soube que minhas bochechas deveriam estar vermelhas.
- Teve uma Boa noite? – ele disse me olhando com aquele sorriso safado, mas agora estávamos na frente de pessoas, e eu tinha que me controla.
- Muito boa e a sua?- eu disse andado por ele.
- Ótima – ele disse vindo atrás de mim – Você já teve aula de espadas Catarina? – ele me encarou.
- Não, mas sempre achei muito interessante.
- Hum... É realmente muito bom, e precisa de muita atenção. – ele sorriu.
- Espero que isso não seja um problema. – eu disse o olhando nos olhos, com Pedro eu era sempre assim, ousada, sempre jogando o jogo dele, e isso estava ficando mais intenso a cada encontro nosso.
- Imagino que não seja – ele sorriu maliciosamente.
Nesse momento eu me virei e comecei a presta atenção nos golpes de cada um dos vampiros que estavam lutando, eram apenas vultos, eu não conseguia ver ao certo cada um era tudo muito rápido só pude ver quando Flávio parou e enfiou a espada na barriga do outro vampiro.
- Flávio ganhou – Anunciou outro vampiro que parecia ser o juiz.
Flávio se virou retirando a espada e a girando no ar e parou quando me viu. Ele me lançou um sorriso safado e estendeu suas mãos para mim.
- Quer tentar bela Catarina?

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Capítulo 9 - Sem ar

Editors - Blood

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Eu sei que você quer o que está em minha mente

Eu sei que você gosta do que está em minha mente

Eu sei que isso te devora por dentro

Evanescence - Sex Type Thing



Aquela voz, aquele rosto, um reconhecimento bizarro veio até mim, eu o conhecia, cada linha do seu rosto, cada tom da sua voz, eu poderia dizer quando ele estava feliz e quando estava preocupado, poderia dizer quando estava cansado só de olhá-lo, uma força tomou conta de mim e meus olhos se encheram d’água, mas porque eu estava chorando? Eu queria correr e abraçá-lo, uma urgência tomou conta de mim, eu precisava abraçá-lo senti-lo comigo de novo, ele era o meu pai, e todos os músculos do meu corpo sabiam disso.
Antes que eu pudesse sequer pensar, eu corri até ele, e me lancei em seus braços, eu não sei por que fiz isso, eu só... Eu só precisava me sentir segura de novo, mas assim que o abracei e enterrei minha cabeça em seu ombro, eu voltei a mim e sai rápido, ele percebendo minha reação disse:
- Qual o problema Catarina? – ele me olhou
- Eu não sei, eu... Desculpe-me – eu fui me afastando e ele pegou minha mão.
- Está se desculpando pelo o que? Por fazer de mim o pai mais feliz do mundo nesse momento? – ele me puxou e me abraçou de novo, dessa vez foi calmo, tranqüilo, como se estivesse me pondo para dormir. – Calma minha filha, vai ficar tudo bem agora. – e nesse momento uma lágrima percorreu o meu rosto e eu soube, eu estava em casa, onde deveria estar.
- Obrigada.

Ele se afastou para poder olhar meu rosto.
- Que tal agora irmos para o meu escritório para podermos conversa com mais calma? – Ele pegou minha mão para me guiar e eu parei.
- Mas... Pedro? – eu disse o nome dele olhando para trás.
- Pedro porque não busca Catarina no meu escritório daqui a pouco, e enquanto isso, por favor, vá ver se os preparativos para o quarto de Catarina estão prontos.
Eu olhei para Pedro.
- Claro senhor, com licença. – antes que Pedro saísse meu pai falou novamente.
- E Pedro, muito obrigado por trazer Catarina com segurança, terei uma dívida eterna com você.
- Não tem o que agradecer senhor, é um prazer.
Meu pai o olhou nos olhos.
- Eu sei.
Um silêncio se instalou e então Pedro saiu e Flávio o acompanhou.

O escritório de Henrique era enorme, as paredes eram de uma madeira escura com quadros antigos e dois quadros cada um, um retrato dos governantes da ordem, que eram no caso o meu pai e meu tio. Eu fiquei olhando por um bom tempo os quadros enquanto meu pai entrava em seu escritório e se servia um copo de conhaque.
- Lindos quadros não é mesmo?– antes que eu o percebesse ele estava em pé ao meu lado, eu dei um leve pulo de susto. – Me desculpe eu não tinha a intenção de assustá-la, está tudo bem?
- Sim, eu só... Ainda não me acostumei muito bem com a velocidade de vocês – dei um sorriso forçado
- Claro que não, mas em pouco tempo você se acostuma, e como foi à viagem?
- Foi ótima.
Nós ficamos nos olhando por um tempo.
- Você quer me dizer alguma coisa Catarina? – era como se ele lesse em meus olhos, ele me conhecia bem.
- Na verdade, eu quero respostas, quer dizer eu vim do Brasil, larguei minha família e meus amigos lá, vim corrida para cá e sinceramente eu ainda não sei o motivo. – Ele se virou e foi em direção a janela.
- Catarina aqui também é sua família.
Nesse momento eu vi que minhas palavras deveriam ter o machucado.
- Eu sei disso, o que eu quero dizer é... Ainda sim eu tenho uma família no Brasil.
- Eu sei minha querida eu te entendo. – ele fez uma pausa e então continuou – Você disse que não sabia direito o motivo, bom minha filha o motivo é que eu estou em guerra com seu tio a mais de sessenta anos, e o Brasil não é mais seguro para você já que ele descobriu onde você estava.
- Mas ele teria coragem de matar a própria sobrinha? Quer dizer eu não tenho nada a ver com a guerra de vocês, e... Eu faço parte da família dele, ainda sim ele teria coragem? – eu olhei assustada.
- Infelizmente minha filha Carlos está cego, ele não vê mais diferença entre justiça e poder, e as palavras família e honra não significam mais nada para ele, confesso que eu e seu tio deixamos isso ir longe demais porque amávamos Carlos afinal ele era nosso irmão, não poderíamos matá-lo, mas o Carlos de hoje não é mais nosso irmão, nosso irmão morreu e agora sabemos disso e não podemos mais o deixar continuar com essa matança em busca de poder.

Enquanto ele falava, eu pude ver a dor em seus olhos, ele amava mesmo Carlos, pena que ele escolheu esse caminho.

- Então Carlos queria me matar para poder atingi-lo? – Eu o olhei
- Exatamente, entende agora porque tive que pedir que Pedro a trouxesse aqui? Não era mais seguro para você lá e se você permanecesse você e sua família acabariam mortas.
- Então se meu tio não estivesse atrás de mim, significa... Você nunca iria me ver? – Um nó desceu pela minha garganta, então era esse o motivo, só me manter viva, ele não queria conhecer a filha por sentir saudades ou amá-la, ele só queria proteger sua linhagem, eu deveria ter percebido isso antes.
- Claro que não Catarina, como você pode pensar isso? – Ele podia ler meus pensamentos?
Respondendo a eles, ele disse:
- Não todos, só os vindos dos seus sentimentos mais fortes como raiva, ódio. – eu o encarei.
- É confesso que estou com raiva, por ter largado a minha família, por uma família que não se importa comigo. – Quando eu tinha me tornado tão valente? Quer dizer eu nunca era grossa, ou falava coisas que me vinham à cabeça, acho que depois de toda essa viagem e essa história maluca, eu estou aprendendo a me defender.
- Catarina nunca mais repita uma coisa dessas, você não sabe do que está falando, se tem uma família que te ama mais do que tudo é essa família, e se eu não te procurei antes foi pela sua segurança, mas eu sempre garanti que você estivesse bem. – ele me olhou irritado e confesso que sincero também. – Você não sabe como sua mãe tem sofrido todo esse tempo, estando longe de você, então nunca mais repita uma coisa dessas entendeu? Nós te amamos Catarina e você nunca deve duvidar disso.

Eu fiquei em silêncio, eu não sabia o que dizer depois de ouvir isso tudo confesso que fiquei feliz, como eu não ficava há muito tempo, era bom saber que eu era amada, e sinceramente eu o amava, não sei como e nem o porquê desse sentimento surgir assim do nada, mas eu sabia que ele era o meu pai e eu o amava, simplesmente o amava, e não estava tentando entender o porquê disso minha vida já estava complicada demais então decide parar por um tempo com as perguntas.
- Me desculpe pai. – Era a primeira vez que eu o chamava de pai, saiu automaticamente como se fosse à coisa mais normal do mundo. – Quer dizer, desculpe Henrique.
- Não Catarina você tem que entender que essa é sua família e eu sou seu pai, então sem mais Henrique ok?
Eu sorri.
- Tudo bem pai, mas você me perdoe se isso ainda é um pouco confuso pra mim.
- Claro minha filha, afinal você só está me vendo agora, então quando você se sentir a vontade eu estarei aqui.
- Obrigada.

Nesse momento alguém bateu na porta, deveria ser Pedro e como minha intuição estava certa, era ele.
- Entre – Henrique disse se aproximando de mim.

Pedro entrou na sala e nos olhou.
- Estou interrompendo? Se quiser eu posso voltar mais tarde.
- Não acho que já terminamos por hoje e Catarina precisa descansar. – ele me olhou – Tudo bem minha filha?
- Claro, hum... Boa noite. – ele me deu um beijo na testa e passou a mão pelo os meus cabelos.
- Boa noite, Pedro leve-a até o quarto dela e se assegure que ela esteja confortável, qualquer coisa de que precisar saiba que é só me procurar.
- Obrigado.

Pedro e eu saímos do escritório e ele me guiou por um corredor e depois subimos uma escada, e fomos reto em outro corredor, os corredores daqui eram acolchoados com camurça vermelho, e as paredes eram todas cores suaves, leves de um bege claro com quadros perfeitos pendurados. Ao final do corredor pude ver uma porta consideravelmente grande.
Ele a abriu e quando entrei tive a visão de um quarto perfeito, ele era uma mistura de época medieval com contemporânea, tinha o meu violão, uma cama com cortinas finas sobrepostas, uma escrivania de vidro suportada por uma madeira escura, um armário grande todo de madeira, e uma penteadeira que me fez lembrar as jovens de contos de amor da época medieval.
Pedro me olhou
- Está do seu gosto?
Eu o olhei pasma.
- É claro que sim, está perfeito.
Ele sorriu
- Bom então fiz um bom trabalho.
- Como assim você que arrumou?
- Não exatamente, mas... Digamos que eu que decorei. – ele riu
- Nossa Pedro obrigado, está realmente perfeito.

Nós ficamos nos encarando por um tempo e seu olhar mudou de alívio para um olhar mais malicioso, ele foi se aproximando de mim, e minha respiração se alterava com cada passo dele, em segundos nossos corpos estavam quase colados, e ele sussurrou:
- Já que me sai bem, eu mereço uma recompensa? – Eu o olhei nos olhos, naqueles lindos olhos verdes que me faziam ficar totalmente zonza.
- Como assim? Que recompensa? – eu não conseguia tirar os meus olhos dos dele, tê-lo ali tão perto de mim, era quase embriagante.
Ele riu
- Isso depende, eu posso escolher? – ele estava jogando comigo, eu podia ver pelo seu tom de voz e seu sorriso safado, e eu estava quase entrando no jogo dele.
- E o que você escolheria? – Da onde saiu essa resposta? Sinceramente desde que conheci Pedro e soube de toda essa história eu não tenho mais sido eu mesma.
Ele sorriu maliciosamente se aproximando mais de mim a ponto de sua boca ficar perto demais de meu pescoço, fazendo com que um arrepio percorresse meu corpo.
- Que tal invés de eu falar, eu mostrar – ele foi chegando mais perto e suas mãos se entrelaçaram nos meus cabelos, e eu já estava fechando meus olhos, e me entregando, quando alguém bateu na porta e nos interrompeu.
Pedro parou no meio do caminho para minha boca, fazendo com que nossos narizes se encostassem.
- Quem é? – ele disse irritado.
- Henrique quer falar com você. – essa voz era familiar, era Flávio.
- Diga que já estou indo.
- Claro – eu pude sentir a prepotência na voz de Flávio ele era sempre assim, maldoso, com aquele ar sexy, como se nada e ninguém fosse páreo para ele, e sinceramente não sabia até onde isso era verdade.
Pedro desceu suas mãos lentamente dos meus cabelos, e me olhou nos olhos.
- Eu tenho que ir – ele disse me olhando nos olhos.
Minha respiração ainda estava alterada.
- É...Eu... Eu tenho que tomar um banho. – eu disse gaguejando me afastando dele. – Boa noite Pedro.
Ele sorriu como se aquilo fosse o jogo mais divertido do mundo.
- Ótima noite Catarina... – ele disse meu nome devagar pronunciando bem todas as sílabas.
Eu fiquei sem ar, e saí de perto dele antes que fizesse algo que poderia me arrepender, ou algo que poderia gostar além da conta.
Pedro saiu e fechou à porta atrás dele, eu sentei em minha cama e fiquei olhando para o nada repassando cada segundo desse momento, tentando entender como pude ter sido tão fraca, se Flávio não tivesse chego, provavelmente eu e Pedro estaríamos... Bom eu prefiro não pensar o que estaríamos fazendo, e antes que percebesse eu adormeci.