sexta-feira, 22 de julho de 2011

Capítulo 12 - Novas faces

Mike Posner - Please Dont Go

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Você sabe que eu preciso de alguém
Alguém como você, tudo que você sabe, como você fala
Amantes incontáveis disfarçados nas ruas

(Use somebody – Kings of Leon)



Eu só me lembrava de entra em uma sala com retratos meus, vestida com vestidos antigos, como se eu fosse de outro tempo, e então eu vi um nome Katherine, no momento em que vi esses quadros e esse nome, uma dor agonizante veio a minha cabeça eu cai de joelhos e então eu não me lembro de mais nada, mas em meio toda aquela dor eu pude ter uma lembrança, eu não sei bem se era uma lembrança, mas esclarecia muita das minhas infinitas perguntas, eu era a reencarnação da filha de Henrique, então agora eu entendi por isso eu sou humana, por isso eles nunca deixaram claro o porquê de me deixarem com uma família no Brasil, Henrique disse apenas que era para me proteger, mas eu sabia que isso era mentira, agora tudo fazia sentido, estava tudo mais claro, esse não era o meu lugar, eu deixei minha família de verdade, para servi de substituta para outra, apenas para amenizar o vazio que a Katherine deixou, eles não me amavam, eles amavam a Katherine, essa história de tio Carlos, não deve nem ao menos ser real, como eu fui tola, mas a força ou não eu não vou mais ficar aqui.

Eu acordei como de um pesadelo, me levantei suando, e sem respiração, ao olhar para os lados eu pude ver Isabela me observando com dor nos olhos, e Henrique de costas em frente à janela, eu estava no meu quarto, quer dizer esse não era mais meu quarto, nada aqui era meu.
Eu me sentei e fiquei de cabeça baixa, esperando que um dos dois tivesse o bom senso de me contar o que estava acontecendo.
Antes que Isabela ou Henrique pudessem dizer algo, um homem entrou pela porta e pelo o que eu me lembrava dos retratos na sala de Henrique, ele era o meu suposto tio.
- Saiam vocês dois, eu vou conversa com Catarina – ele disse com um olhar duro na direção de Henrique, nesse momento ele se virou.
- Josefh, nós temos que fazer isso.
- Vocês? Pra começo de conversa vocês esconderam isso dela o tempo todo, eu sempre disse que ela tinha o direito de saber o porquê de tudo isso, ela não é nenhuma criança, e se ela for tão forte quanto a Katherine e eu sei que é, porque ela já nos provou isso, passando por tudo que já passou, ela vai agüentar, agora me dêem licença. – ele disse direcionando o seu olhar para Isabela – Isabela? Por favor. – ele disse delicadamente, Isabela nesse momento se levantou, foi até Henrique, pegou em sua mão e o levou para fora do quarto.
Depois que eles saíram só restou eu e Josefh dentro do quarto, ele se aproximou e sentou ao meu lado e ficou olhando para o nada, eu não podia evitar sentir uma simpatia grande por ele, isso deve ter algo haver com a Katherine afinal ele era tio dela, mas ainda sim eu sentia como se eu fizesse parte disso, e descobri que não estava realmente acabando comigo.
Eu cortei o silencio.
- Então como ela era? – eu disse me virando para ele.
Ele me encarou e então sorriu
- Bom fisicamente são exatamente iguais, mas tem algo em você que eu nunca vi em Katherine eu não sei se é por vocês terem passado por coisas diferentes, eu sei que vocês são diferentes, eu não sou como eles, que querem se iludir de que você pode ser a Katherine, não porque você é a Catarina com o seu jeito único, e sinceramente menina isso é o que eu mais gostei de você até agora, a sua humanidade, a Katherine também tinha isso mesmo sendo uma meia vampira, mas você... Você é real entende? Você é sincera, você é o que é, sem ser treinada e sem crescer no meio dessa guerra, você é apenas uma menina.
Eu o encarei, ele disse tudo o que eu sentia, tudo o que eu queria ouvir de certa forma, de que mesmo eu não sendo a Katherine eu ainda era amada, eu ainda era querida, que eu não estava ali para substituir ela, eu estava apenas por ser eu mesma, mas no fundo eu sabia que não era verdade.
- Que bom que você tem bom senso, mas ainda assim nós sabemos que isso é mentira, eu não pertenço a esse lugar, eles me tiraram da minha família, para ficar em uma família que só me quer como um buraco, para substituir uma perda, e para ser a Katherine só que eu não sou, eu sou a Catarina, e isso nunca vai mudar, é por isso que eu vou embora. – eu abaixei a cabeça.
- Você quer mesmo ir embora Catarina? Já parou para pensar que você pode não ser exatamente como a Katherine, mas que querendo ou não você não É a Katherine, você FOI, então não tente lutar contra isso, você tem que aceitar, mesmo se não quiser ela é parte de você, de quem você foi, então sim essa família aqui é sua família e eu sou seu tio, eu me sinto como o seu tio, e não pela sua aparência, mas pela a sua força, você abandonou uma família no Brasil, tem que ser muito corajosa para se fazer uma coisa assim, você lutou contra os seus medos e mesmo assim veio, porque você é a Catarina, e eu já te amo como Catarina, porque é quem você é agora, então não fuja disso meu amor, é sua vida, é quem você é, não é como se você pudesse desligar isso, e a guerra com Carlos não é uma mentira Catarina, e no fundo você sabe disso, eu sei que você tem lapsos de memórias da Katherine, mas não precisa se preocupar isso morre entre nós, pra que ninguém pense que por isso você é ela, mas eu quero que saiba que você tem que lutar, mostra que você é filha deles, mas não a Katherine, a Catarina que também é forte, corajosa, e por coincidência ótima com espadas – ele sorriu, uma lágrima caiu dos meus olhos, eu o amava, e ele sabia disso, ele era meu tio e ele estava certo querendo ou não, ou fui à katherine, ela faz parte de mim, é quem eu sou e fui, então eu não posso fugir disso, eu posso apenas lidar com isso e prova que eu sou tão boa quanto, porque eu sou ela, mas eu também sou a Catarina, e eles eram minha família e eu os amava mesmo tendo tão pouco tempo, e eu sabia que não conseguiria deixá-los, eu o abracei e enterrei minha cabeça em seu ombro.
- Obrigado Josefh – eu sorri
- Vai ficar tudo bem minha garotinha, você vai ver. – ele disse passando a mão pelos meus cabelos. – Eu estou aqui, agora fique calma e mostre para eles. – ele sorriu
- Obrigada por gostar da Catarina e não ficar me comparando, eu posso ter sido ela em outro tempo, mas agora eu sou a Catarina e eles vão ter que aceitar isso, ou então eu não posso viver aqui. – eu disse abaixando minha cabeça e espantando o sentimento de vazio que veio a mim com essa hipótese.
- Eles já aceitaram porque mesmo você sendo a Catarina você despertou amores por si próprios, assim como o meu, eles apenas tem a lembrança da Katherine por isso às vezes é difícil, mas não os culpe, eles amam você de qualquer forma, eles viram você cresce sabia? Então não se perturbe com isso, qualquer coisa eu estou aqui – ele disse sorrindo e levantando o meu rosto de modo que pudesse secar as lágrimas.
- Obrigada.
- Não tem de que meu amor, agora eu tenho que ir, e também eu tenho certeza que alguém quer falar com você.
Eu sabia que esse alguém era Pedro.
- Josefh se eu te pergunta uma coisa, você me responde com sinceridade?- eu o encarei
- Claro, pergunte.
- O que o Pedro era para Katherine? – ele ficou em silencio – Quer dizer eu não entendo, eu senti algo forte por ele desde o dia em que eu o vi, e desde então sempre que estou com ele, eu não entendo como as coisas acontecem, e os sentimentos que eu sinto, elas só acontecem, e até agora eu tenho tentado não pensar nisso, mas eu não posso mais fingir não enxergar uma coisa que está na minha frente.
Ele me encarou.
- Eles eram apaixonados um pelo o outro, Catarina é por isso que você se sente assim, quando ela morreu ele foi um dos que mais sofreu, ele se isolou, sumiu, ficamos sem notícias dele por anos, ele só voltou à ordem anos atrás, mas nunca falou nada sobre isso.
Eu fiquei em silencio, e um nó desceu rasgando minha garganta, então era tudo falso, todos os sorrisos, as preocupações, os olhares, o beijo, o desejo, os sentimentos, tudo para ele era falso, ele só queria a Katherine de volta, e quando eu apareci com a mesma aparência, ele viu uma esperança de tê-la novamente, ele não me amava, ele amava a Katherine, mas que inferno porque eu o amava, não foi falso para mim, porque eu senti tudo, cada sorriso, cada toque, eu confesso que no começo pode ter sido um sentimento morto da Katherine que me aproximou dele, mas depois ele me conquistou, eu Catarina, mas isso acabava agora, eu não ia mais servi de consolo para ele, ele tinha que superar a Katherine e mesmo eu o amando com todas as forças eu não posso ficar com ele, não com ele amando outra pessoa.
- Obrigada Josefh.
Antes de ele sair ele se aproximou de mim, me deu um beijo na testa e sussurrou no meu ouvido.
- Nunca duvide da sua capacidade de desperta amores, você pode não ser a Katherine, mas é tão extraordinária quanto. – ele sorriu e saiu

Assim que ele saiu eu me deitei, e então Pedro entrou no quarto como um vulto quando me virei ele estava sentado em minha frente, pela primeira vez eu não levei um susto, na verdade era como se eu pudesse sentir a presença dele, eu me sentei e o olhei nos olhos esperando que ele dissesse algo, mas ele não disse nada então eu cortei o silêncio.
- O que você faz aqui ? – eu suspirei, eu estava realmente exausta disso tudo, todos os sentimentos a mil de uma vez só estavam acabando comigo, mas nada era pior do que saber que ele não me amava.
Ele suspirou e abaixou a cabeça.
- Você está bem? – ele disse levantando o seu rosto para poder me olhar nos olhos, mas eu não ia olhar eu não podia olhar porque eu sabia que se eu olhasse eu me perderia e esqueceria tudo e eu não podia.
- Eu estou bem Pedro, você pode ir agora. – eu disse me levantando e indo em direção ao banheiro, ele parou na minha frente e abaixou a cabeça.
- Porque você está fazendo isso comigo? – eu não agüentei um excesso de raiva tomou conta de mim, toda a dor que eu estava sentindo começou a borbulhar.
- Eu estou fazendo isso com você? Eu Pedro? – minha voz se alterou – Sério? – eu soltei uma gargalhada nervosa – Pedro sinceramente vai embora, eu não quero mais ouvir nada que venha de você. – eu abaixei minha cabeça, meu deus eu não estava agüentando isso, eu não conseguia agüentar isso eu não podia falar com ele assim, eu não conseguia expulsá-lo da minha vida.
Ele se aproximou
- Catarina, me escuta, não tem razão pra você agir assim! – ele disse segurando meu dois braços, eu me soltei.
- Não tem razão? Pedro você me usou esse tempo todo, me usou pra tampar o vazio que a Katherine deixou em você, Pedro eu não sou a Katherine eu sou a Catarina e eu nunca vou ser a Katherine – eu não agüentei e as lagrimas começaram a cair – Por favor Pedro não me machuca mais, só vai embora, nós dois sabemos que você não me ama, você ama a Katherine, no fundo você sabe disso então por favor, só... Só me deixa te esquecer, pelo menos isso. – eu abaixei minha cabeça – Por favor Pedro vai embora – minha voz agora era apenas um sussurro, um vento passou por mim e quando levantei minha cabeça, ele tinha ido.

Eu não podia mais ficar naquele quarto, eu precisava andar, sair daquele lugar, eu fui para aquele carvalho que eu tinha visto no dia em que cheguei, me sentei e me encostei na árvore, fechei meus olhos, e inclinei minha cabeça para trás, as lágrimas desciam suavemente pelos cantos dos meus olhos fechados, uma brisa passou por mim e quando abri os olhos Flávio estava sentado do meu lado olhando para o nada.
Eu me endireitei e sequei as lágrimas.
- O que você quer aqui? Olha Flávio por favor hoje eu não estou no clima então, só... Só me deixe em paz aqui ok? Por favor. – eu abaixei minha cabeça.
- Calma Catarina eu não vim te perturbar ao contrário, eu vim conversa, eu soube o que aconteceu e sinceramente, não acredito que você mereça isso, quer dizer por que eles não te contaram? Você tinha o direito de saber, e só por você ser a reencarnação de alguém não significa que você é exatamente igual aquela pessoa, isso é tolice, você viveu coisas diferentes, com pessoas diferentes, o que te torna uma pessoa diferente e sinceramente eu prefiro você assim do jeito que você é. – ele disse se virando e sorrindo pra mim, e pela primeira vez ele parecia sincero.
Eu me virei para olhá-lo
- Obrigada Flávio.
Ele se aproximou e passou a mão pela a linha dos meus olhos secando minhas lágrimas.
- Não chore Catarina, eles não merecem suas lágrimas.
- Porque você está fazendo isso? Quer dizer, porque você está sendo tão legal? – eu o encarei.
Ele soltou um riso nervoso
- Porque eu sei como é quando as pessoas esperam que você seja exatamente como uma pessoa que não vai voltar mais. – ele ficou em silêncio – Meu irmão mais velho morreu na guerra, e desde então minha família e todos ao meu redor me treinaram e me ensinaram tudo para que eu fosse igual a ele, e cada falha eu sofria com isso, as comparações, as decepções estampadas em seus rostos, não é legal quando eles não aceitam que você é perfeito do seu jeito.
Eu o olhei nos olhos verdadeiramente pela primeira vez e pude ver a dor neles, agora com mais calma eu pude ver um lado de Flávio que eu nunca vi antes, ele era apenas infeliz, incompleto por não ser aceito por si próprio.
- Eu lamento Flávio, deve ter sido difícil – eu continuei a olhá-lo nos olhos.
Ele sorriu como se espantasse as memórias.
- Está tudo bem, agora vamos nos levantar e provar a eles, que eles estão errados, e eu tenho certeza que você pode mostra isso para eles minha Catarina. – eu o observei
- E ai está o velho Flávio de sempre, eu estava começando a me assustar – nós rimos. – Obrigado Flávio. – Ele pegou a minha mão e a beijou
- Não tem de que – Ele fez uma pausa e me olhou nos olhos – Vamos dar uma volta.

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