quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Capítulo 25 - Adeus

Levi Kreis 01 - I Should Go

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Eu deveria ir 
Antes que minha vontade se enfraqueça
E meus olhos começam a protelar 
Por mais tempo do que deveriam
Eu deveria ir 
Antes que eu perca meu senso de razão
E essa hora tem mais significado do que jamais poderia 
Eu deveria ir 

(Levi Kreis - I should Go )


Eu caminhei tropega, em rumo a nada, eu não conseguia pensar, ou falar qualquer coisa, só uma frase percorria minha mente "minha mãe está morta", é como aquelas notícias que quando você recebe, você começa a rir porque sabe que é impossível, que nunca poderia acontecer, é exatamente isso, não a parte de rir, mas a parte do impossível era exatamente o que estava na minha cabeça agora, eu continuava repetindo para mim mesma, que isso não poderia estar acontecendo, não comigo, não a minha mãe.
Depois de caminhar por alguns minutos percebi que estava de pé em frente ao carvalho, a noite o deixando mais sombrio e trazendo de volta a notícia que estava açoitando a minha mente.
Me deixei cair de joelhos, não tinha mais forças para ficar de pé, não depois de tudo, todo o meu corpo só tinha força para mais um suspiro, as lágrimas percorrendo o meu rosto, e eu só conseguia encarar o carvalho, em um estado catatônico, eu não sabia o que fazer.
Uma brisa passou e pude sentir uma presença atrás de mim, eu não me virei, eu estava perdida em pensamentos, o meu corpo estava funcionando, eu podia ver e ouvir tudo ao meu redor mais não conseguia responder, não conseguia exprimir qualquer reação.
A pessoa que estava atrás de mim se aproximou e se ajoelhou ao meu lado, na luz da lua Pedro estava mais lindo do que nunca, mesma perdida entre medos e impossíbilidades eu não poderia deixar de notar.
Ele puxou o meu corpo para junto ao dele, e eu me aninhei a ele, debrucei minha cabeça em seu ombro e esconde meu rosto em seu pescoço, lágrimas descendo, suspiros fortes saindo, mas eu estava alheia, agora aninhada sobre ele, seu cheiro me trouxe um pouco mais a realidade, a consciência voltando aos poucos.
Quando eu tentei me levantar, seu abraço forte não deixou, ele me puxou mais para perto e me abraçou com mais força, seus dedos deslizando pelos meus cabelos.
- Sh.Sh. Ta tudo bem Catarina, eu estou aqui. - ele sussurrou em meu ouvido, seu hálido frio mandando arrepios pela minha nuca.
- Minha m..mãe?- aquele caroço enorme na minha garganta, ainda não tinha ido embora, minha voz nada mais do que um sussurro. - Ela morreu mesmo?
Pedro beijou minha testa.
- Eu sinto dizer que sim.
Uma lágrima desceu dos meus olhos.
- Então acabou. - foi tudo o que eu consegui dizer, depois sem que eu percebesse eu cai no sono, e despertei com Pedro me colocando em minha cama.
- Pedro? - Perguntei, meus olhos pesando toneladas, estavam se abrindo aos poucos.
- Durma Catarina, você precisa descançar; - ele disse tirando uma mecha de cabelo do meu rosto, e demorando os seus dedos sobre minha bochecha.
Ele se virou para sair.
- Não - eu agarrei seu braço - Hã, fique... Só mais um pouco, por favor. - minha voz fraca, a dor estampada em cada palavra.
- É claro. - Pedro se deitou ao meu lado e me abraçou.
A noite se passou longa e ininterúpeta, mesmo estando nos braços de Pedro, o caroço que se instalou em minha garganta permanecia, eu não sabia o que fazer, eram tantas coisas para se pensar ao mesmo tempo, tantas decisões e eu sentia o vazio da realidade me açoitando todo o tempo, cada vez me puxando mais para o fundo, conforme minha mente ia aceitando a verdade, eu nunca mais veria minha mãe novamente. E agora que ela tinha partido, minha irmã estava sozinha, indefesa no meio de todo esse lixo, e eu não posso abandoná-la agora, aos poucos eu descobri o que fazer, mas levei muito tempo para aceitar, minha mente reprimia essa idéia automáticamente, evitando a dor que ela traria, mas... Eu tenho que voltar, cuidar da minha irmã, eu não posso traze-lá para cá, no meio desse fogo cruzado, toda essa guerra, e esses vampiros, MEU DEUS! Ela é uma criança, ela merece ter uma infância saudável e normal, mas me afastar dessa família que eu descobri aqui, e... Pedro - Ao pensar nisso enguli em seco e pudi sentir o caroço que se instalava na minha garganta- Eu sabia que se eu fosse embora, eu o perderia, não que eu já o tivesse, mas ao menos eu o tinha por perto, como agora nos momentos em que tudo o que eu preciso é o seu abraço, e se eu for... Então o que me restará? Reprimi a dor que começou a me invadir com essa idéia. Eu suspirei.
- Tente dormir um pouco Catarina, você precisa descançar. - Pedro deslizou seus dedos pelo meu braço. Isso não estava ajudando muito, não quando a dor de partir começava a surgir, não quando eu sabia que logo perderia isso. Reprimi esses pensamentos.
- Eu não estou com sono - menti.
- Você é teimosa - pude sentir o sorriso em sua voz.
- Pedro?
- Sim?
- Você sabe que agora eu terei que ir embora. - o caroço se apertou mais ao dizer isso em voz alta, e minha voz falhou.
Ele não respondeu, e o silencio se arrastou até que pude ver que já clareava.
- E agora você tem que ir? - perguntei, reprimindo o desespero que se instalou em mim, meu coração se acelerou, porque eu sabia que seria a última vez que estaríamos juntos, e ele também sabia disso.
- Sim, você está bem? - ele se sentou.
Não respondi no início, eu pensei sobre essa pergunta, eu queria ao menos ser sincera, e tirei a conclusão de que, não... Eu não estava bem, e não sabia se algum dia eu ficaria novamente, mas no fim nada disso importava.
- Estou - menti.
- Então eu devo ir agora, e você trate de dormir, você precisa descançar - ele se levantou e ficou me encarando. Depois se virou e foi em direção a porta, antes de sair ele se virou - Você sabe que eu iria buscá-la de novo se pudesse, mas infelizmente esse não é o caso - eu podia ouvir a dor em sua voz, e isso só me despedaçou mais por dentro - Durma bem Catarina.
E com isso ele se foi, deixando para trás apenas as memórias que eu guardei no lugar mais seguro da minha mente, para que elas nunca se perdessem, memórias como o som do seu riso, ou como os olhos dele brilhavam magníficamente a luz da lua, ou seu hálito frio que me causava arrepios, ou o seu cheiro que sempre me embriagava e levava uma onde alívio por todo o meu corpo, o seu toque que apesar de frio, deixava uma linha quente pela minha pele, e o pior de todos a dor que se instalou no meu peito, a cada respirar me rasgando mais por dentro.

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