terça-feira, 3 de abril de 2012

Prólogo - Blood and Thunder


Isabella:

Um ano havia se passado. Eu não tinha notícias da Catarina mais do que o Henrique me contava, que estava tudo bem, que ela parecia estar feliz, e que o mais importante ela estava segura, mas eu não conseguia ignorar o fato de que daqui a alguns meses ela vai se transformar, e isso infelizmente no caso dela implica em... morrer. É claro que eu tinha fé, ela vai sobreviver, ela é forte, saudável e esse é o destino dela.
Destino. Essa palavra trouxe a lembrança da conversa que ela e Henrique tiveram com a bruxa semana passada, ela tinha vindo avisar o "destino" da Catarina, essa palavra estava se repetindo demais ultimamente, e isso nunca é bom sinal, as lembranças começaram a voltar, e ela se lembrou da expressão da bruxa ao contar sobre a profecia para ela.
- Ao que devo a honra da sua visita? - Henrique se levantou de trás de sua mesa, e parou ao lado de Isabela.
A bruxa se aproximou e parou pouco a frente deles.
- Eu venho informá-los que o destino de sua filha foi decidido.
- O destino de minha filha? - Henrique respondeu com desdém - E o que exatamente foi decidido?
- Ela é uma "Helrem", e eu não preciso lhe explicar isso preciso?
Henrique se sentou, ele estava atônico, aquilo não poderia estar acontecendo, não com sua filha, não agora quando ele a tinha de volta.
- O que.. O que vai acontecer com ela? - foi o máximo que conseguiu dizer, sua voz agora quase um sussurro aranhava sua garganta.
- Você sabe o que vai acontecer você é tão velho quanto eu Henrique e estava aqui das últimas duas vezes em que uma Helrem foi escolhida, e em uma das vezes você observou de perto não foi? Qual foi a última? A irmã de seu pai, se não me engano.
Henrique abaixou a cabeça, aquilo tinha sido a tanto tempo, e aquelas memórias não eram as suas prediletas.
- Enfim, eu vim dar o aviso porque nós temos um acordo de paz - a voz dela implicou um desgosto ao dizer a última palavra - e sendo assim devo informá-lo quando uma decisão dessas é tomada, ainda mais envolvendo a sua filha.
- Mas e se ela morrer na transformação?
- Então outro Helrem será escolhido futuramente, mas sua filha tem um destino a cumprir Henrique e você sabe disso, muito dificilmente essa transformação irá matá-la, agora que a decisão foi tomada sua filha provará de poderes que nunca imaginou, e seu corpo será forte como nunca antes, forte o bastante para transformação.
- Mas ela irá ficar maligna como você e sua espécie. - a voz de Henrique agora era um rugido, toda a fúria depositada em suas palavras.
A bruxa se aproximou calmamente, como um leopardo ao atacar sua presa, seus olhos eram dois diamantes negros e fundos como o abismo, a ameaça implícita em cada gesto.
- Não ofenda meus irmãos em minha presença, eu não irei tolerar esse tipo de coisa, e sim talvez sua filha fique idêntica a nós, ou talvez ela continue com a mesma "personalidade" por assim dizer, a mudança virá isso é claro, mas se ela irá tender para o nosso lado, isso só ela poderá nos dizer no futuro.
- Então ela tem uma chance? - o alivio banhava Henrique como uma água morna depois de dias em um inverno pesado.
- É claro que tem todos nós temos não é? Mas os poderes farão parte dela, e ela não será mais a mesma com o tempo, mas se ela terá características nossas fortes o bastante para defini-la, isso irá depender somente dela.
- Entendo. Muito obrigada pela sua visita, e tenha uma ótima noite.
- Não é nada, uma ótima noite a você também, e faça seus preparativos, sua transformação é menos perigosa, mas o risco ainda existe e sua mudança será ainda mais dolorosa. - ela fez uma pequena reverencia - Isabella. - disse se despedindo - Boa noite.
- Obrigada pela visita - disse Isabella
A bruxa sorriu, e partiu.
Depois disso Henrique tinha lhe prometido que tudo iria ficar bem, que a Catarina era boa, era a filha deles, e que ela não iria deixar que o mal a ganhasse quando a hora chegasse, mas ainda sim o risco, e saber da dor que a filha iria passar, toda essa ideia estava martelando e tirando o sono de Isabella por todo esse tempo. Catarina teria que ser forte como nunca antes em sua vida, tempos devasto estavam a caminho. E a dor era só o princípio.

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