sábado, 2 de julho de 2011

1° Capítulo - Rotina

Diário, hoje é o primeiro dia de aula... É vou voltar à mesma coisa de sempre, meninas anoréxicas e mimadas e garotos populares e babacas... Parece que nunca muda, mas hoje eu acordei com essa sensação, um nó na garganta, hoje eu sinto que tudo irá mudar, eu ainda não sei como e nem o porquê, mas sinto que coisas ruins vão acontecer.
Eu estou confusa, essa sensação tem ficado mais forte ao longo dessa semana, eu não quero mais pensar nisso e eu sei que nada vai mudar.
Vai continuar o mesmo de sempre, um ano inteiro de crises adolescentes e provas, é não me parece muito atraente mais é minha vida.

Desci as escadas correndo, minha mãe não parava de gritar o quanto eu estava atrasada, peguei minha mochila, uma maça e corri pro meu carro.
O que foi a única coisa realmente boa que me aconteceu, depois de semanas criando argumentos e fundando teses sobre como minha mãe me emancipar seria bom tanto para o meu futuro educacional mais também em quesito responsabilidade, enfim minha mãe decidiu “me dar à chance de provar o quanto ela me educou bem” palavras dela, não minhas.
Como eu estou atrasada, eu tenho cinco minutos para chegar à escola, ninguém merece primeiro dia de aula e ainda por cima chegar atrasada, é pelo o jeito o meu dia já começou bem.

Chegando ao colégio procuro uma vaga, e encontro do outro lado do estacionamento, bem longe da entrada o que significa que vou ter que andar muito, mais como estou atrasada não tenho escolha.
Vou direto para minha aula de História, passando pelo corredor começa a me dar um frio na barriga, e paro bem na porta e fico parada ali sem coragem para abrir e assim que ponho a mão na maçaneta, a porta se abre sozinha é minha professora Clarice, como sempre atrás do apagador, ela me da um abraço.
- Oi, Catarina, quanto tempo, como foram às férias? – Me olhando como se por um olhar de interesse muito estranho já que nunca fomos melhores amigas, mais mesmo assim eu respondo.
- Foram ótimas e a sua professora?
- Foram maravilhosas, mas eu amo dar aula e não agüentava mais ficar longe de vocês e toda essa bagunça. – ela da um risinho sem graça e diz – Entre, eu já volto – e sai andando pelo corredor. Eu só notei agora com ela de costa, o cabelo está mais loiro do que o normal, e ela muito pálida para alguém que foi passar as férias em Cabo Frio, seu corpo continua o mesmo sarado como de uma menina de dezoito anos, por mais que a idade dela não fique tão longe desse número já que ela tem apenas vinte e cinco, e tem um rosto perfeito o que faz com que todos os alunos do Ensino Médio e do Técnico da escola criem um interesse maior e duvidoso por História.
Quando entro na sala todos me olham, e como sempre sinto meu rosto arder, logo procuro uma carteira, e vejo que a única que resta está no fim da sala, graças a deus assim posso me desligar de tudo, e ligar meu Ipod. Mas assim que eu me sento, vejo Clara vindo em minha direção.
Clara é um pouco mais baixa que eu, com cabelos castanhos claros, com a pela muito branca assim como a minha, e olhos escuros. Ela é a mistura de menina safada, meiga, engraçada e quando quer extremamente irritante, mas já estou acostumada ela é minha melhor amiga e nós estudamos juntas desde a sexta série.
- Catarina Erlat o que você pensou que estava fazendo, quando desligou o celular nas férias? – ela disse com aquela cara que eu já conhecia como, “eu realmente estou irritada”.
- Clara nós nos falamos por telefone e eu te disse lá não pega sinal.
- Ta não importa, mas me conta e ai descolou algum super gato, que está caidinho por você depois de uma noite quente no lago? – ela disse com um risinho malicioso.
Soltei um riso comprimido
- A claro, e foi tudo perfeito menos parte que ele não usou camisinha e agora eu estou grávida... – eu revirei os olhos, ela me olhou com um olhar de suspeita – Pelo amor de deus Clara, é claro que não o que você tem na cabeça? E também se eu tivesse um super gato, você saberia já que nos falamos três vezes na semana e isso porque o meu celular estava sem sinal.
- Ta bom, ta bom relaxa, esse ano nós vamos arrumar namorados lindos, sexys e românticos, você vai ver. - E sorri, não tinha como não rir dos devaneios da Clara. – E não fale como se fosse ruim eu te ligar porque eu sei que você não seria nada sem mim. – Ela deu aquele sorrisinho que sempre me conquistava e me fazia abrir um sorriso automaticamente.
E o pior é que ela tinha razão, minhas férias foram um tédio se não fosse pela Clara e pelo os meus livros, minhas férias seriam basicamente, minha irmã e minha mãe fazendo amizade com o dono da adega da cidade, é com certeza bizarro.
- Clara alerta, Barbie melhor ir para o seu lugar, antes que ela decida vir pergunta como foram as suas férias também.
Clara me olhou com uma cara de “é melhor eu ir logo” e não pude deixar de rir, Barbie era um apelido interno entre eu e a Clara para a professora Clarice de história.
Assim que a professora entrou na sala, liguei meu Ipod e não ouvi uma só palavra. A aula passou mais rápido do que eu imaginava, depois tive mais dois tempos de português somados com visitas da Clara a minha mesa e então o intervalo, Graças a deus.
O sinal tocou e Clara veio até minha mesa, nós descemos para o pátio.

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